sexta-feira, 10 de julho de 2009

DOWNLOAD DO GUIA DA REFORMA ORTOGRÁFICA

Fique por dentro das mudanças na Língua Portuguesa. É só clicar no link abaixo e fazer o download do Guia da Reforma Ortográfica 'FMU - Museu da Língua Portuguesa'

http://www.fmu.br/guia/home.asp

GAME DA REFORMA ORTOGRÁFICA

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Texto enviado pela Supervisora Maria Salete

AMIGOS, O TEXTO É DE 1895. ALGUMA SEMELHANÇA???

“Desci para casa maldizendo da sorte e pensando comigo mesma:... “Que será de mim se for obrigada a largar a escola, estudo, minhas colegas e tudo para ir ensinar meninos pretos e burros no Rio Grande?”. Para me consolar vim refletindo: “Quem sabe se isso não decidirá minha vida? Eu sou inquieta e impaciente. Será possível que eu suporte ficar numa escola seis horas por dia, e ainda trazer cadernos pra casa para corrigir? Eu estou longe de tirar o título e já pensei nisso muitas vezes. Vou experimentar a escola e ver se dou para professora”.
Levanto-me na sexta feira cedo e triste de ser obrigada a largar a Escola Normal e ir para o Rio Grande. Desço a ladeira e entro na escola. Pergunto a um menino dos maiores como devemos começar. Levantam-se todos ao mesmo tempo e dizem que é preciso cantar o hino. Mando cantar. Todos cantam sem ordem e tudo desentoado. Mando parar no meio, batendo com a régua na mesa:
- Chega! Não precisa mais!
Os meninos já vão vendo a professora que têm. Pergunto de novo:
- E agora, que vamos fazer?
Cada um disse o que quis e eu sem saber o que fazer nem por onde devia começar. Lembrei-me então do meu tempo de escola de Mestra Joaquininha que começava sempre por corrigir as escritas, e peço os cadernos. Pus tudo escrevendo. Só nesse momento descansei um pouquinho. Entregam os cadernos; eu mando deixar em cima da mesa e peço os livros. Vão trazendo os livros e mostrando onde estão. Um diz:
- Eu estou aqui, mestra.
- Então estude até aqui, bem estudado.
Fui marcando as lições, mandei todos para os seus lugares e lhes disse que fossem estudando enquanto eu ia corrigir os cadernos. Sento-me, pego na pena e começo a passar as escritas.
- Mestra, olha o que o Joaquim ‘tá fazendo’! tá me fincando ‘arfinete’!
- Não, ele é bonzinho. Não é história dele, Joaquim? Você não é capaz disso.
- É sim, mestra! Ele é muito ruim! A senhora é que não sabe.
Volto aos cadernos.
- Mestra, olha Joãozinho me pinicando aqui!
Outro:
- Mestra, Chico enganou a senhora; a lição dele é outra.
- Mestra, Elvira mentiu; ela ‘tá mais adiante!
Um menino:
- Fum! Sai daqui porco! Olha, mestra, o que eles estão fazendo.
Fico tonta, sem saber como lidar com tantos ao mesmo tempo.
- Mestra, Amélia ‘tá dizendo que a escola agora é um paraíso de Adão e Eva, que é bom que a Mestra Madge fique doente muito tempo.
Eu, para emgabelá-los:
- Fiquem bonzinhos que eu continuarei com vocês.
Já outro grita:
- Mestra, Pedrinho meteu o dedo no nariz e enfiou na minha boca!
- Mestra, mestra, mestra! Olha isto! Olha aquilo!
Eu, completamente desorientada e sem saber que fazer... Pensei comigo: “Vou ser quitandeira, como Siá Generosa, vou lavar roupa, vou fazer qualquer outro serviço. Para isso já vi que não dou.”

QUER SABER O QUE DEU? LEIA “MINHA VIDA DE MENINA” (MORLEY, HELENA, SP: COMPANHIA DAS LETRAS, 1998.).

Valeu estar com vocês no “cronicando”!!!

Maria Salete