quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Vida de Mulher

Flávia Diogo Domiciano Pinheiro


Pensei em vários motivos para escrever uma crônica. Por que não o cansaço? Pensei em minha rotina. Mulheres. São guerreiras, batalhadoras. Levantam-se bem cedinho, fazem o café da manhã, levam seus filhos à escola e vão para o trabalho. Muitas vezes, atrasadas, ou sempre em cima da hora. Mas sempre alegres.
Quando voltam do trabalho, buscam os filhos na escola e, ao invés de descansarem, vão às compras de supermercado. Depois, cuidam da casa, dão atenção aos filhos e ao marido e, claro, a si mesmas, sempre sorrindo e sem mostrar o cansaço após um árduo dia de trabalho.
Mesmo assim, reservam seu precioso tempo para conversar com o espelho. Afinal, ele é o único que as escutam em silêncio, sem pedir-lhes que parem de falar. Às vezes, ele é sincero demais mostrando-lhes que o tempo passa e não para.
O dia seguinte chega, e é sempre a mesma coisa: fazer o café, levar os filhos à escola, chegar ao trabalho em cima da hora, cuidar da casa, dos filhos e do marido... Ufa! Isso é vida de Mulher!

Sobre a autora:
Flávia Diogo Domiciano Pinheiro, 27 anos, natural de Indiaporã - S.P. É professora de Língua Portuguesa e Língua Inglesa. Atualmente, leciona na E.E. Prof. Silvino José de Oliveira, em Americana – SP. É uma pessoa muito dinâmica, participativa e está sempre em busca de novos horizontes.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Vida Atribulada

Haldrey Michelle Bueno

Passei uma época difícil. Uma correria. Trabalho aos sábados e domingos, enquanto muitos descansam. Isso tudo me fez refletir e cheguei a uma conclusão!
Descansar pra quê? Trabalho por esporte! Amo essa vida cheia de atribuições, sem contar que aprendo muito todos os dias. As atribuições são os melhores professores. São a escola da vida, embora paguemos muito caro por ela... É a ‘escola particular’ menos desejada.
Se eu ganhasse na megassena ‘acumulada’ nem sei o que faria com tamanha fortuna. Como iria contar nota por nota?
Particularmente, jamais deixaria meu trabalho. Com o prêmio minha vida seria muito triste...
Pense bem... Dormir até as tantas. Fazer sacrifícios de gastar algumas “oncinhas” no shopping. Viver viajando. Passar temporadas na praia... Pra que tanto sofrimento?
Não largo minha vida de carregar pedras: enfrentar a fila do convênio que, cada vez mais, se parece com o postinho ‘de saúde’ do bairro; trabalhar com chuva, sol, frio, calor... Ar condicionado? Nem pensar! O costume é tanto que fico doente.
Meu tempo é tão corrido que não consigo dormir à noite e, aí, fico cochilando no decorrer do dia.
Não preciso desta vida de calmaria, de descanso. Um dia, todos terão o descanso eterno.
E a fortuna?
Será o paraíso.


Sobre a autora:

Haldrey Michelle Bueno é professora de Arte, apaixonada pela profissão. Trabalha no Programa Escola da Família desde 2005. É muito criativa. Gosta de inovar e criar seu próprio artesanato. É uma pessoa humilde e procura sempre multiplicar conhecimentos.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O salário

Maria Carolina Cazzini

Esses dias, liguei a televisão e vi que o salário mínimo subiu. No momento, fiquei feliz. Confesso que me senti em um oásis.
Minha esposa chegou à sala e me disse:
- Nossa que grande subida!
Respondi feliz:
- Até que enfim essa televisão me empolgou. Vi, ouvi, e senti na pele que desta vez foi pra valer. Valeu Lula!
Coitadinha de minha esposa, sorridente ela me disse:
- Ufa! Que bom! Vai dar para comprar um colchão novo, aquele velho já estava dando dor nas costas.
Na manhã seguinte, fomos até as Casas Bahia e compramos o tão sonhado e confortável colchão. Aproveitamos a oportunidade e trocamos os nossos eletrodomésticos.
Ao chegar em casa a TV estava sobre um móvel bem limpinho e lustrado, pois minha esposa estava nas alturas depois de uma noite cheia de esperanças de que dias melhores viriam.
A noite foi maravilhosa: colchão novo, TV empolgante, mulher carinhosa, eletrodomésticos em destaque no armário, tudo bem arrumadinho e cheirando novo. Dava até gosto de ver.
Na mesma semana, ao chegar em casa, à noite, depois de ter feito um trabalho como “bico”, pois sou aposentado, e ter aturado minha esposa com bobies nos cabelos me dizendo que seu irmão passaria uma temporada conosco, resolvi ligar a TV para relaxar.
Parecia que tudo estava indo bem, aliás, quase tudo. Se meu cunhado não fosse passar uns dias em minha casa eu estaria melhor, é claro. Para minha noite ficar ainda mais alegre, depois dessa ‘grande notícia’, a poderosa Rede PLIM-PLIM de Televisão informou, em plantão nacional, que o presidente Lula, em reunião com seus ministros, decidiu por não subir o salário dos aposentados.
Aquela mesma televisão que antes me empolgara, agora me decepciona. A mulher ficou amarga. Seus cabelos (que tentou arrumar com os bobies) espetaram. Voltariam a ser lavados com sabão Ypê, não mais com xampu Natura. E, eu fiquei com tudo pra baixo: ânimo, salário e saldo no banco...
Mas não foi por mal que o Lula não subiu o salário, coitadinho... Precisou comprar um avião novo porque o velho estava perigoso. Afinal, o que realmente acontece é: “Ó o Lula indo. Ó o Lula vindo. E, nada de salário subindo”.


Sobre a autora:

Maria Carolina Cazzini, nasceu em Americana - SP, em 1982. É professora de Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Língua Espanhola na Rede Estadual de Ensino. Tem amor pela sua profissão. Acredita que a Educação, um dia, vai melhorar e trabalha arduamente para isso. Gosta de ler. É tia coruja e 'fã de carteirinha' de seus sobrinhos: Maria Laura de 7 meses e Vinicius de 13 anos. Tem verdadeira paixão pela família; não faz nada sem consultá-la. É totalmente responsável nos seus afazeres. Tem quem diga que é ajuizada até demais. Tem sede de novos aprendizados. Sua frase predileta é de Johannes Kepler: “Os caminhos que conduzem o homem ao saber são tão maravilhosos quanto o próprio saber.”

A terapia cai na rede

Verdete dos Santos Antonio

Que pena... Cidades diferentes, dificuldades de locomoção, necessidade de sigilo são alguns dos motivos que levam pacientes do mundo todo buscar orientação psicológica pela internet.
Analisando essa situação, podemos chegar à seguinte conclusão: a terapia pode ser do “faz de conta”.
Profissionais fazem de conta que trabalham; os pacientes fazem de conta que são atendidos.
Profissionais fazem de conta que escutam; os pacientes fazem de conta que são curados.
Constata-se que a terapia cognitiva comportamental via internet é mais efetiva para tratar depressão do que uma simples consulta com um clínico geral, desde que realizada em tempo real. Mas há controvérsia. Falta o vínculo entre profissional e paciente, e isso dificulta a superação dos problemas. Importante salientar, todavia, que essa representação do “faz de conta” no dia-a-dia causa prejuízo para aqueles que lançam mão desse tipo de comportamento. As pessoas que agem assim terminam confundindo a si mesmas e caindo no vazio, pois, de fato, nem sabem quem são, e acabam traindo-se, em algum momento.


Sobre a autora:

Verdete dos Santos Antonio - Aquariana, nascida em fevereiro de 1966, natural de Guarani D’Oeste – SP. Filha de Eduardo Antonio e Ana Angélica. É Professora de Geografia e História. Gosta de ler, passear e bater papo. Gosta de animais e plantas. É mãe de Carlos Eduardo, 14 anos. Reside em Americana-SP.

domingo, 4 de outubro de 2009

Verdadeiras Amizades

Sônia Sebastiana Lomba Delírio

Com toda a certeza, eis uma coisa muito difícil de ser definida. Quais serão as verdadeiras amizades? Realmente, não é fácil definir quem são nossos verdadeiros amigos.
Será que são aqueles que nos cumprimentam nas festas e recepções? São aqueles que nos prestam favores, sempre esperando a retribuição pelos favores prestados, cobrando-os na primeira oportunidade? Serão aqueles que sempre procuram aparecer ao nosso lado quando estamos fazendo sucesso? Talvez não sejam tão verdadeiras assim essas amizades. Ou será que são aqueles que sempre procuram fazer tudo por nós, não nos dando sequer tempo para pensar, e já estão “adivinhando” nossos pensamentos e vivendo por nós?
Aqueles que nos cumprimentam nas festas, podem, ou não, ser amigos de fato. Podem ser apenas amizades ocasionais, dessas que só encontramos em festas mesmo... Muitos abraços e beijos cheios de: “como tem passado?”, “feliz em vê-lo”, mas, no final da festa, cada um para seu lado e até a próxima... Esses, certamente, não são amigos. Podem ser simplesmente conhecidos.
As pessoas que nos prestam favores quando estamos agoniados, podem ser consideradas amigas, quando os favores são prestados desinteressadamente. Mas, também, pode ser apenas por espírito de solidariedade, não amizade, na verdadeira acepção da palavra. Quando os favores são prestados com o intuito de serem cobrados mais tarde, com a frase do tipo: Quando você precisou, eu te socorri... Agora é sua vez... Não, isso não é amizade. É uma simples troca de interesses.
Quanto àqueles que nos procuram nos momentos de sucesso, com a célebre frase: “nunca duvidei de você...” Ah... esses são os ‘amigos’ oportunistas.
Portanto, cuidado com aqueles que tudo fazem por nós, podem ser piores do que inimigos. Agindo assim, ao invés de nos ajudar, privam-nos do direito de vivermos nossos próprios erros e acertos.
Quando estivermos necessitando de apoio, de palavras de conforto, ou mesmo de alguém que nos ouça, nos momentos de aflição, sem qualquer interesse e formos atendidos, aí, sim, teremos encontrado um amigo.
Amizade é compartilhar a vida, nos bons e nos maus momentos. Uma alegria dividida é muito mais alegre. Uma tristeza compartilhada se torna menos triste. Feliz de quem consegue ter amizades leais e sinceras.

Sobre a autora:



Sônia Sebastiana Lomba Delírio nasceu em Dracena, Estado de São Paulo em 1961. Filha, esposa, mãe, avó e professora. Graduada em Letras. Atualmente ministra aulas nas escolas Professora Laura Emmie Pyles na disciplina Oficina Hora da Leitura, e na escola Professor Wilson Camargo nas disciplinas Leitura, Produção de Texto e Língua Inglesa. Esposa de João Delírio, mãe de três filhos, Flávio, Everton e Sheila. É dedicada, detalhista e persistente. Quando se trata de desafios procura enfrentá-los com responsabilidade e dignidade.

Enxurrada de desespero

Isabel Pereira da Silva

Acordei. O dia estava chuvoso, com trovoadas, fortes ventos. Liguei a TV e deparei-me com uma cena horrível ocorrida no Sul e Sudeste. Novamente as enchentes estavam acabando com as novas moradias daquele povo que acabara de voltar para suas casas.
Fiquei muito comovida com tudo aquilo. Não que essa cena já não tenha acontecido em anos anteriores, mas, por isso mesmo. Fiquei pensando: “Por que nossos políticos não fizeram nada para impedir que isso voltasse a acontecer? Será que simplesmente não se importam com essas pessoas? Ficar lamentando, criticando, de nada vai adiantar. Temos que agir, mobilizar a população, fazer algo para que tragédias como essas não voltem a acontecer, ou ao menos amenizar a situação.
Então, tomei meu café e fui para o trabalho pensando em fazer alguma coisa. Mobilizar meus colegas, escrever uma carta, enviar um e-mail com a assinatura de todos. Durante todo o percurso fui imaginando várias coisas diferentes. Cheguei ao trabalho toda eufórica e fui logo comentando sobre a enchente no Sul e no Norte. Fiquei abismada com a recepção dos colegas e seus comentários. Todos pareciam estar contra as vítimas. Não falavam sobre o descaso dos nossos governantes e, sim, daquelas pessoas: diziam que elas poderiam estar em outros lugares, mas será que tiveram outras opções?
Enfim, trabalhei o dia inteiro olhando para todos aqueles colegas e imaginando: “ vocês têm o governo que merecem!”.
Terminei o dia me questionando: “como é possível, diante de tanta dor e tristeza, o ser humano não perceber que somos todos culpados por não cobrar de quem nós colocamos no poder?”.


Crônica escrita com base na reportagem: “ Uma enxurrada de incompetência”. Revista Época- Maio/2009 – pág. 44/45.
Quer saber mais? Clique no título desta crônica (ou acesse: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI72149-15223,00-UMA+ENXURRADA+DE+INCOMPETENCIA.html).

Sobre a autora:
Isabel Pereira da Silva, natural da cidade de Pacaembu-SP.
Formou-se em Letras pela Faculdade Ministro Tarso Dutra, em Dracena no ano de 1993. É professora de Língua Portuguesa, Língua Estrangeira: Inglês e Espanhol. Leciona na escola Monsenhor Magi desde 2002. Adora o que faz. É formada também em Técnico em Contabilidade, área onde atuou por 8 anos.