terça-feira, 29 de setembro de 2009

Saúde Masculina

Maria Dourado

As mulheres, sempre muito preocupadas, têm o hábito de cuidar da própria saúde. São elas, também, responsáveis pela ida dos homens ao médico. Enquanto estes se acham fortões, poderosos e pensam que nunca se curvarão diante de um médico, só vão a uma consulta sob pressão das esposas.
A festa estava animada, crianças correndo por todo lado, homens tomando cerveja, mulheres tagarelando alegremente.
_ Ontem fui ao médico levar meu marido. Ele teve uma crise de hérnia abdominal.
_ Ele foi ao médico?
_Sim, resmungando, mais foi. O médico disse era caso de cirurgia.
_ Há algum tempo eu vinha observando aquelas expressões: caretas variadas e a mão sempre apertando abaixo da barriga. Eu reprovava aqueles gestos um tanto estranhos e comprometedores. Mal sabia eu que, disfarçadamente, ele tentava colocar sua hérnia para dentro. Quanto sofrimento, quanta angústia devia sentir. Só porque é homem.
Mas homem é forte! Nunca adoece... Consegue esconder, até da própria esposa, sua falta de saúde.
_ No próximo mês será submetido à cirurgia.
E, finalmente, chega o dia. Na preparação, não se esquece de colocar na sacola com seus pertences, um amuleto para rezar e afugentar seu medo. No hospital, a enfermeira vai buscá-lo para a famosa preparação pré-operatória. Retorcendo-se de vergonha, despe-se e, mal acomodado, não sabe onde colocar as mãos. Faltam-lhe os bolsos, o chão.
Chega o médico. Que alívio!
_ Olá, rapaz, está animado? Vamos lá?
_ Vamos... Diminuído e chocho quase desaparecendo em si mesmo.
Mas, enfim, tudo correu bem, e nem foi tão difícil assim. De volta para casa recebe aquelas inconvenientes visitas querendo saber tudo e, ele, ali, na sua pose de macho, prefere não emitir comentários.



Crônica escrita com base na leitura do artigo “Homens vão ao médico sob pressão” publicado em O Liberal, de 09-09-2009, Suplemento Saúde p.4.
Quer saber mais? Clique na imagem à direita.

Sobre a autora:


Maria Aparecida Rodrigues Dourado nasceu em Magda, no estado de São Paulo, em 1955.
Estudou na EEPSG DE MAGDA-SP até o segundo grau. Cursou o Magistério no Colégio Lázaro Silva em Auriflama-SP. Graduou-se na Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho”-UNESP, Rio Claro-SP. É Professora do Ensino Fundamental no Estado desde 1988. Efetivou-se no ano de 1993. Atualmente trabalha com uma 2ª série (é professora de seu neto) na EE Prof. Antonio Matarazzo, em Santa Bárbara d’Oeste-SP .
É apaixonada por Rafael e Thalita, seus lindos netos.

sábado, 26 de setembro de 2009

FUMAR É FOGO!!!

Lucimar Fernandes Curto

Antigamente, fumar dava status. Era 'glamouroso'.
Os comerciais mostravam homens bem sucedidos com seus cavalos bem cuidados. Todos eram de raça. E marcas como Hollywood, Continental e Arizona eram as mais famosas. Os cenários eram paradisíacos. E só os homens fumavam.
As mulheres aos poucos foram aderindo ao vício, meio tímidas no início, mas depois de cenas na televisão com atrizes famosas fumando, muitas perderam o receio e assumiram o vício em público.
Eu nem sei bem porque comecei a fazer parte dessa estatística. Não dos homens bem sucedidos, mas do famoso grupo de risco.
Acho que no início foi mesmo por curiosidade, coisa de adolescente, assim como acontece com a maioria dos jovens que querem experimentar tudo que é novo, diferente e desconhecido.
Naquela época, não tinha consciência do grande mal que estava fazendo comigo mesmo e quando proibiram os comerciais na TV e o Ministério da Saúde começou a publicar aquelas imagens desoladoras atrás dos maços, já era tarde. Muito tarde. Eu já havia me tornado um viciado convicto.
Nunca fumei muito. Um maço dava para dois dias. Mas mesmo sabendo dos riscos, continuei.
Quem não fuma não consegue entender o porquê. Penso que nem nós mesmos conseguimos. Se estamos felizes, fumamos para comemorar. Se estamos tristes ou preocupados, acendemos um cigarro e parece que toda preocupação ou tristeza se dissipa com a fumaça de cada tragada. Alguns homens depois do sexo, viram do lado e dormem. Eu acendo um cigarro. Talvez querendo prolongar o prazer. Algumas pessoas dizem que somos loucos, pois queimamos dinheiro e, de quebra, detonamos os nossos pulmões e outros órgãos.
Mas quem fuma não pensa nisso, não. Só consegue pensar no prazer que o cigarro proporciona. Fica arranjando desculpas do tipo “Fulano nunca fumou e morreu de câncer de pulmão” ou, então, quando ficam sabendo de alguém que fumava e morreu, usam o clássico “Ah! Mas ele já estava com a idade bem avançada! Viveu bastante!” E, por aí vai...
Fumar para mim sempre foi muito complicado, pois faço parte de uma turma em que o único fumante sou eu. Meus amigos e minha mulher já fizeram de tudo para me convencer a largar esse vício e até meu cardiologista já se prontificou em me ajudar. Todo fim de ano eu me comprometo a largar o cigarro, começar o ano novo limpo.
Se eu já tentei parar alguma vez? Muitas! Todas sem sucesso! Faltou força de vontade? Talvez...
Mas agora terei de me esforçar mais porque ser fumante nos dias de hoje é fogo! Lendo o jornal, me deparei com mais uma tentativa de eliminar de vez com esses seres sofredores e esquisitos que somos: os fumantes! Sim, pois fumante é discriminado o tempo todo. Sofre grandes pressões! A fumaça incomoda, o cheiro é desagradável...
O cerco está se fechando! Eu não acredito muito em inferno astral, mas acho que estou vivendo um: não posso mais beber e dirigir. A lei antifumo foi aprovada. Se estou em algum barzinho com amigos, tenho que atravessar a calçada para fumar do outro lado e o pior: não posso nem levar meu copo junto! E, além de tudo, sou Corinthiano e meu time não vive uma fase muito boa.
Será que devo mesmo acreditar nessa tal de Astrologia?

Crônica elaborada com base na reportagem: 'Minha vida virou um inferno', diz fumante, publicada na Folha de São Paulo, Cotidiano, em 13/08/2009, pág. C3 (disponível em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1308200921.htm)
Quer saber mais? Clique no título da Crônica.

Sobre a autora

Lucimar Fernandes Curto nasceu em 1965 na cidade de Tupi Paulista –SP. Formou-se em Letras pela Faculdade de Americana em 2003. É professora de Língua Portuguesa e Língua Estrangeira. Atualmente leciona nas Escolas Ary Menegatto e Prefeito Antonio Zanaga. Sempre gostou muito de Literatura. Adora poesia e é fã incondicional de Fernando Pessoa. Na adolescência, escreveu alguns poemas, mas os mesmos nunca foram publicados. Na crônica, gosta muito de Luis Fernando Veríssimo e Arnaldo Jabor.

A terceira xícara de chá

Olga de Cássia Micas Santana

Fiquei surpresa comigo mesma...comprei um livro sobre um americano que se apaixona por uma tribo entre Afeganistão e Paquistão extremamente pobre, e resolve construir uma escola para as crianças dessa tribo.
_Um americano?????
Sim, justamente um americano!!!
_Escola em território muçulmano???
Sim, os muçulmanos, aqueles que atiram aviões contra prédios....
Estou no começo da leitura, mas já fui bastante surpreendida.
Muito emocionante quando ele descreve sua primeira visita a ‘escola’ que eles tinham’.
Não tinham!!! Por não poder pagar menos de 1 dólar por dia ao professor. As crianças andavam quilômetros para chegar à aldeia vizinha. Sentavam-se numa pedra ao ar livre (escola), duas vezes por semana, para conseguir ‘aprender’.
- Parece mentira, mas juro que não é. Num daqueles dias, ao chegarem, as crianças sentaram-se no chão e fizeram as tabuadas e as continhas desenhando os números com pauzinhos na terra!
As mais "afortunadas" tinham um pedaço de madeira, sujo com barro, onde escreviam com um pauzinho.
E agora, prepare-se, o mais incrível vem aí...
Elas arregalavam os olhinhos, faziam o mais absoluto silêncio, como se não quisessem perder nada do que estava sendo ensinado!!!
O tal americano, assistindo aquela aula, jurou para si que construiria uma escola para aquelas crianças, principalmente para as meninas, que eram apenas 4 dentre 36 meninos, muçulmanos.
O quê? Escola para meninas, em território muçulmano, feita por um americano???
Ele pensou nas afortunadas crianças americanas, que tudo têm, e muitas não se importam com os estudos. Como se comportariam em meio a essa pobreza toda?
Isso te lembra algum país, ou Estado, onde os alunos têm tudo, de graça e, muitas vezes, não dão o menor valor?
Onde está o problema???
Se você gostou, então procure descobrir que livro é esse, comece pelo título.

(Clique no título da crônica.)

Sobre a autora:

Olga de Cássia Micas Santana é mãe, família moderna, apenas 1 filha. Exerce várias funções: psicóloga, professora, dona de casa, esposa, leitora, motorista particular de uma adolescente (filha), cidadã, brasileira, economista, crítica...
"Amo os animais, admiro os seres humanos, amo minha profissão, odeio meu salário, faço tricô, crochê, assisto a bons filmes".

Quando sou chefe

Maria de Lourdes Alves de Souza

Ser chefe é uma questão de aprendizado. Para ser chefe precisa ter conhecimento técnico do assunto para que os subordinados não fiquem falando que sabem mais do que o chefe ou mesmo que fiquem questionando-lhe as estratégias. Precisa ter bom relacionamento com a equipe. Assim, influenciará os outros para que façam o que deve ser feito sem enfrentar resistências.
Mas há que se ter vontade política ou mentalidade de chefe ou, ainda, postura de chefe.
Por isso, eu exerço algumas tarefas no PEF*. Por exemplo, dar broncas na hora certa, delegar tarefas e, também, desenvolver oficinas. A primeira vez que precisei entregar um relatório sobre um universitário que não desenvolvia suas tarefas e era agressivo, tremi mais que um esquimó. Por fim, entendi que era o melhor a fazer eu estava trazendo a harmonia ao ambiente de trabalho. Foi para o bem estar de todos e não somente de uma pessoa.
Ao começarmos a carreira, temos pensamentos do tipo "quando eu for chefe, serei a mesma pessoa que sou hoje". Porém isso é utopia. Um chefe pode e deve ser ‘gente boa’. Mas não pode ser sentimental e ter medo de agir e machucar alguém, como fiz um dia.
Um chefe existe para motivar sua equipe, manter a ordem e fazer com que o trabalho progrida. Se o chefe tiver dó de sua equipe, no meu caso, universitários, eles farão cada vez menos e não obteremos os resultados esperados, além do que eles correrão o risco de serem substituídos.
Um bom chefe entende que a equipe vive da busca pelo sucesso, pelo reconhecimento.
Um bom chefe deve influenciar e não ser influenciado. Deve fazer com que sua equipe “caia na sua lábia” e não “cair na lábia” da equipe. Um bom chefe deve entender que o que o fez chegar ao sucesso foi seu comportamento positivo aliado à sua competência e habilidades. Se quiser ser útil e servir de exemplo, deverá ensinar o caminho adequado, motivando os chefiados a serem humildes e a mostrar interesse pelo novo. Para os jovens, crescer profissionalmente implica em ‘tomar juízo’ e ter ambição.
O chefe deve saber avaliar... desprovido de qualquer impressão pessoal. Aceitar ser avaliado por seus subordinados e autoavaliar-se com criticidade e discernimento. Esse é o código de ética do CHEFE.
Acho que já posso ser o chefe da nação!



Sobre a autora:


Maria de Lourdes Alves de Souza nasceu no Estado da Bahia-BA em junho de 1975. Começou seus estudos na cidade de Irapuru-SP, prosseguiu em Dracena-SP.Formou-se em Letras Pela Faculdade Ministro Tarso Dutra.
É uma artista bastante criativa, Professora e Educadora Profissional no *Programa Escola da Família, atuando na Escola Prefeito Antonio Zanaga. É articulista pela Diretoria de Ensino de Americana-SP.

O tempo passou... Que bom!

Leonice Aparecida da Silva


Chronos... tempo...Tenho que admitir o tempo tem trabalhado muito a nosso favor. Eu estava assistindo a um programa de T.V. que mostrou algumas mulheres, no auge de seus 60,70,80 e até uma senhorinha de 93 anos, esbanjando energia pelos salões de baile onde flutuavam com toda elegância e destreza com seus pares, jovens rapazes, professores de dança, contratados especialmente para proporcionar a estas senhoras momentos de lazer e descontração.
São mulheres solteiras, separadas, viúvas e até casadas. Seus parceiros, maridos ou namorados não gostam de sair para dançar. “Problema deles”, disse uma delas. Eu concordo plenamente. Eles que fiquem em casa vendo TV ou que vão roncar mais cedo.
O tempo passou e, com ele, se foi a 'Amélia'. Aquela mulher que tinha prazer em todos os deveres de esposa e dona de casa: lavar, passar, cozinhar, cuidar de filhos, fazer tricô e bolinhos para os netos, suportar maridos bêbados e traições, etc., etc,... Ah!, Já ia me esquecendo. Havia um direito, claro: de permanecer calada, ser resignada.
Hoje em dia, a coisa é bem diferente. As mulheres conquistaram sua independência (e mais trabalho, mas, tudo bem!). E, depois que inventaram essa tal de 3ª idade quero ver alguém ter coragem de dizer que lugar de 'velha' é em casa.


Sobre a autora:

Leonice Aparecida da Silva nasceu em Santa Albertina, interior do Estado São Paulo. Cursou o Magistério, em Santa Fé do Sul, mas nunca exerceu sua profissão como PEBI. Posteriormente, fez o curso de Letras, seu sonho desde criança. Mudou-se para a cidade de Nova Odessa em 2001, quando começou a lecionar. Atualmente é professora de Inglês e PL na escola Dr. Joaquim Rodrigues Azenha, na mesma cidade onde mora.

As princesas viraram abóbora

Foi-se o tempo em que os garotos conquistavam as garotas com disputas, brigas e apostas.
Quem, agora, assumiu este papel???
Pasmem... As garotas ‘modernas’ de 2009.
São elas, comumente nas escolas, que arrancam os cabelos, envolvem-se em agressões físicas para defender, ‘marcar terreno’´ e conquistar o amor de suas vidas.
A situação é caóticas nas escolas públicas.
Onde estamos? Mudaram-se os valores???
Onde está o amor próprio? O que as famílias têm ensinado aos seus entes queridos?
Está na hora de discutirmos essas relações em nossas casas, escolas, na própria mídia que, atrasada, ainda relata o caso ZECA como se ainda fosse o 'point' dos problemas de nossas escolas.
Como as mães têm educado suas filhas? Que valores os pais têm demonstrado a elas? Que modelos os irmãos tem vivenciado com suas irmãs?
Foi-se o tempo em que as meninas esperavam por seu príncipe encantado, lendo contos de fada, assistindo a filmes românticos e acreditando no ‘...e viveram felizes para sempre’.
Abandonaram o papel de princesas para transformarem-se em verdadeiras abóboras. Que não seja em abóboras do Halloween.

Sobre a autora:
Taciana Antonia Mialichi nasceu em São Paulo, em 15/08/1971. Graduada em Ciências Físicas e Biológicas com licenciatura plena em Matemática e Química. É professora da rede estadual de ensino. Atualmente trabalha na escola EE. Dr João Thienne, em Nova Odessa.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Salva por um tombo

Cleia Cristina Tognoli Rodrigues

Atacar o próprio dono não é coisa comum em um animal, mas fez-me lembrar o que me aconteceu algum tempo atrás.
Em uma tarde, eu voltava da casa de uma amiga, vizinha do sítio do meu pai, resolvi cortar caminho pelo pasto, os animais pastavam normalmente. Acostumada a andar entre eles não vi problema algum, pois sempre ajudava o meu pai no dia a dia. Caminhei tranqüila e despreocupada. De repente, sem esperar e sem motivo aparente, percebo que uma das vacas veio correndo para o meu lado. Comecei a correr também. A infeliz tinha um par de chifres enormes! Sozinha, sem ninguém e nada para me defender, continuei correndo. E, ela, cada vez mais próxima de mim. Nunca passei tanto medo. - Agora ela me pega, pensei.
Corri muito. As pernas amoleceram. Já não agüentava mais. Tropecei e caí. Imaginem só o que aconteceu! Eu já não pensava em mais nada. Só esperava pelo ataque.
Esticada no chão, de barriga para baixo, percebi que nada aconteceu. A danada da vaca parou também. Acho que ela pensou: - “Essa já era”. Fiquei quietinha lá no chão e ela parada pertinho de mim. Continuei deitada por algum tempo, apenas dava uma espiadinha para ver se ela se afastava. Demorou um bom tempo para ela desistir. Quase dormi lá, deitada no chão.
Aos poucos, ela foi se afastando. Eu continuei lá, deitadinha e bem quietinha. Enfim, ela desistiu. Eu me levantei com as pernas bambas e com muito medo. Corri para uma cerca que ficava próxima dali. Só, então, me vi salva e segura, afinal o anjo da guarda me protegeu.
Não sei o que acontece com esses animais que atacam os próprios donos. Até hoje, não encontrei o motivo daquele estranhamento... Será que Freud explica?

Crônica elaborada com base na notícia:"Perigo na rua: Depois de morder a própria dona e vizinhos, animal foi espancado por moradores e levado ao CCZ", publicada em O Liberal, de 15 de Setembro de 2009.


Sobre a autora:

Cleia Cristina Tognoli Rodrigues nasceu na cidade de Guzolândia (SP). Fez Magistério e graduação em Matemática. É Professora Coordenadora Pedagógica da Rede Pública do Estado de São Paulo. Tímida, curiosa, divertida, possui várias habilidades, dentre as quais a de escritora, em que retrata, com bom humor, estórias de sua infância e adolescência em uma pequena cidade do interior paulista.

MEDO DE AVIÃO, EU?

Arlete Aparecida Bellani – 09/09/09

Que bom quando você não é funcionário público, ou de empresa privada! Ser proprietária de uma academia, tem suas vantagens, penso eu e, ainda mais quando você liga o PC e te jogam aquelas promoções incríveis: Voe Azul: Natal em 10 parcelas = R$20,00 por mês. Aff, Maria! É pra lá que vou!
Setembro, final de inverno, no Nordeste sempre é quente. Eu tenho um “pezinho” lá. Minha família é de Recife. Sei que as águas de inverno estão terminando.
Então, ligo para meu marido: “ comprei passagens para Natal, nosso embarque está marcado para as 18h de amanhã e voltaremos na terça, dia 08. Nada mal pegar feriado de Independência com promoção! O pessoal da academia e da oficina de meu marido darão um jeitinho, afinal, é uma semaninha só!
Natal, maravilha! Sol, brisa, cerveja, camarão (uma senhora porção por R$12,00, isso é verdade?), lagosta, marisco e... para quem gosta de frutos do mar? Eu tava feita, não queria mais voltar para casa.
Mas, fazer o quê? Quem vai, volta! E na terça-feira, pela manhã arrumamos as malas. Imagine, uma semana em Natal! Já disse que tenho um pezinho no Nordeste, sou moreninha e, com praia todos os dias, eu estava “neguinha”. – Vou fazer o maior sucesso na academia!
Prontas as malas. Nosso embarque seria às 13h. Ao meio dia já havíamos passado no check in. A partir daí, era só alegria. Três horas de vôo e estaríamos em Congonhas, isto é, às 16h, beleza!
O vôo foi tranqüilo até Minas, depois, só nuvens, tudo negro. Acho que em São Paulo estará chovendo! Como é bom quando saímos de férias! Jornal, não se lê; tevê, não se vê, esquece-se do mundo, é só você, seu companheiro e seu merecido descanso, nem de filhos a gente quer saber... Brincadeirinha!
É, a coisa tá preta! O comandante nos informa que em São Paulo e toda região Sul e Sudeste chove forte.Talvez, não chegássemos no horário previsto. Muitos vôos estão sendo desviados para outros aeroportos, não há visibilidade.
Ai meu Deus! Será que ele está falando a verdade?
Gente, eu não tenho medo de morrer. Mas aquele avião que caiu, faz tão pouco tempo... Ai, cair avião...! Desviar vôo... Chi! Não sobrará ninguém! Olho para meu marido, ele tenta disfarçar seu medo, é lógico, homem tem que dar força nessa hora. Meus olhos denunciavam meu desespero.
- Jorge, o que está acontecendo realmente?
- É só uma chuvinha forte, só isso!
Então, tentei fechar os olhos e fazer umas orações, comecei a me lembrar de meus filhos, minha mãe, o pessoal da academia. E se o avião cair?
Neste momento, ouço novamente aquela voz, todos parecem ter a mesma voz! “ Aqui é o comandante, estamos próximos ao aeroporto de Congonhas, mas, de acordo com as instruções da Torre de Comando, não há teto para pouso, portanto, sobrevoaremos até segunda ordem, se necessário, pousaremos em Vitória, temos combustível para mais 1h.”
O quê? Voltar? Bem, até Vitória deve dar meia hora, quarenta minutos, pensei eu, é só dar meia volta-volver.
Ah! Mas quem disse que isso aconteceu? Ficamos lá em cima como urubus sobrevoando a carniça. Olhei no relógio, já havia se passado meia hora, ele iria para Vitória? O combustível não iria dar... Lá embaixo, tudo negro! Onde estamos? O que vai acontecer conosco? Nós vamos morrer? Agora sim, preciso começar a pedir perdão a todos os meus inimigos, eu quero um lugarzinho bom lá no céu! Será que aquelas meninas da academia vão chorar por mim? Ai que loucura!
Aí, uma senhora no banco da frente perguntou à aeromoça se estávamos sobrevoando o mar, a terra ou a floresta. Ela disse à senhora, para tranqüilizá-la que se caíssemos em água, teríamos coletes salva-vidas.
Pare com isso! Se o avião cair, não vai sobrar nada de ninguém! Será que nem a minha roupa? Como irão velar nossos corpos?
A agonia estava expressa em cada rosto, não havia mais combustível para Vitória. Campinas, quem sabe?
Neste momento, a voz do comandante, inalterada, nos informa para permanecermos com o cinto de segurança, pois havia recebido liberação para pousar.
Nunca me senti tão viva-morta como ontem.
Ao desembarcarmos, nossa filha nos esperava. Contou-nos sobre a tragédia provocada pelo tornado em Santa Catarina, o caos em São Paulo e que demoraríamos mais um pouquinho até chegarmos em casa, a Marginal Tietê estava alagada.

Sobre a autora:


Arlete Aparecida Bellani, nasceu em Santa Bárbara D’Oeste, bem no finalzinho do ano, no penúltimo dia, no ano em que o Brasil ficou campeão mundial de futebol pela primeira vez. E, por coincidência, nascida ao lado do campo do União Barbarense. O seu José, e os tios eram fascinados por futebol. Sendo a última de oito irmãos, quando a mãe pedia para os mais velhos olharem os mais novos, o que se faziam? Levavam para o campo ou o pomar que havia ao lado de casa. Ali a criançada da vizinhança ficava o dia inteiro. Com treze anos ainda brincava na rua: amarelinha, pular corda, queimada, além de cantar no coral da igreja e interpretar alguns papéis em peças cristãs. Sempre adorou crianças. Sua avó dizia que teria uns vinte filhos. “Hoje, sei o que ela queria dizer, pois filho de barriga, só conseguiu um, o Henrique”. A grande benção de sua vida, e depois de dez anos de casada. Aos catorze já estava trabalhando em uma empresa, a única respeitável de sua cidade. Ali permaneceu até se casar, por quase doze anos. Começou como auxiliar de escritório e saiu como secretária. Pra falar a verdade, ela adorava Matemática, mas como era secretária e era muito exigente consigo, foi fazer Letras, para escrever “certinho”. Sempre teve muito medo da tal “redação”. Ai se alguém lhe pedisse um texto, dava dor de barriga. Trabalhar como professora, nem pensar, não era louca. Mas, casada, morando em outra cidade, numa época em que a mulher que se casasse não tinha lugar numa empresa, fazer o quê? Morava perto de uma escola. “Fazer o quê nesta cidade, sem conhecidos, sem trabalho...” Foi ver umas aulinhas, só para não ficar parada. Demorou para descobrir que adorava trabalhar com gente e não papéis. “Adoro acordar e saber que vou entrar numa sala de aula, pois viverei todas as emoções da vida.”
“Não importa se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi.”

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

VAIDADE

Sílvia Elena Bondance

Coisa engraçada a vaidade, uns tem de menos, outros...demais.
Na semana passada quando fui fazer o meu segundo corte anual dos cabelos vi uma cena de pura vaidade infantil. Duas irmãs, uma de nove e outra de doze anos, faziam alisamento e ainda fariam luzes e escova nos cabelos e, pasmem, as unhas.
Perguntei à mais velha se iriam a algum evento especial, uma festa, mas a resposta foi espantosa: “ Não, toda semana nós fazemos escova e as unhas, é que hoje resolvemos alisar e pintar”.
Eu, uma mulher, de 43 anos, fiquei um pouco envergonhada, não sei se é falta de vaidade ou se sou “relaxada”, mas eu não me cuido tanto assim.
Então, pensei bem e cheguei à conclusão que não sou “relaxada”, o que acontece é que não tenho tempo suficiente para me cuidar, como deveria. Trabalhar fora, cuidar da casa, dos pais, dos filhos...
Voltei dos meus pensamentos às meninas e perguntei: “ O que sua mãe acha disso tudo?” Recebi como resposta: “Minha mãe é quem traz a gente, ela também veio pintar os cabelos. Ela acha que devemos ficar lindas, sempre.”
É, vaidade vem de berço. Minha mãe nunca me levou a salões de beleza quando eu era criança. Só duas vezes ao ano para cortar os cabelos. Nunca me deixou pintá-los ou fazer as unhas. “Isso é coisa de gente grande”, dizia ela.
Perguntei às meninas se elas não brincavam, ao que me responderam: “Sim, brincamos de ir ao shopping, fazer compras, de ser mulher grande. Que tristeza senti ao ouvir isso. E as brincadeiras de boneca, de correr, pique-esconde, cabra-cega, pular corda,... brincadeiras de ser criança.
A vaidade substituiu tudo isso. Não se fazem mais meninas como antigamente.

Crônica elaborada com base na reportagem "UNHA, CABELO E MUITO MAIS", publicada na revista VEJA, edição 2119, de 01/07/2009, págs. 130 a 133.


Quer saber mais? Acesse: http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx

Sobre a autora:
Sílvia Elena Bondance nasceu em 23/08/1966 em Americana, mas sempre viveu em Santa Bárbara d’Oeste, onde mora sua família. Fez o curso normal na EE Emílio Romi. Em 1985 ingressou no curso de Letras da Unimep- Piracicaba. Formou-se em 1989 e, nesse mesmo ano, iniciou sua carreira docente. Em 1998, após o nascimento de sua filha, começou a trabalhar como professora de inglês na EE Magui, em Santa Bárbara, onde está até os dias de hoje.

Bichos domesticados

Sheila Vido Lima

Tenho dois cachorros: Julie e Pingo. Em minha casa, são tratados como se fossem duas pessoas da família. Toda manhã, quando eles acordam comem queijo, e retornam à cama para dormir. Dormem. Depois de um tempo, saem para passear com a Carmem, a mãe adotiva dos animais. Passeiam durante 30 minutos, fazendo suas necessidades e olhando a paisagem das ruas.
Voltam para casa, tomam água e os dois retornam à cama para dormir.
A cada ano, tomam suas vacinas e, também, vão ao dentista, para cuidar dos dentes e evitar que eles fiquem doentes.
Todo sábado, a mãe adotiva, Carmem, dá banho nos dois. Eles ficam limpinhos e perfumados para usarem suas roupas.
Bom, é uma tremenda mordomia: eles almoçam na hora certa e são cuidados como gente. Nem todas as pessoas têm esse mesmo carinho e cuidado. Muitas são maltratadas, espancadas, e até passam fome.
Ah! Eu já ia me esquecendo: Julie e Pingo dormem juntos na cama. Os dois roncam como crianças. E sonham. Vocês precisam ver: são duas pessoas dormindo. Outra coisa, Julie é terrível. Adora brincar e dar pequenas mordidinhas no nariz. Já, o Pingo, gosta de chamar a atenção, chorando ou latindo, para que a dona o pegue no colo.
Meus cachorros são parecidos demais comigo. Eles sabem muito bem o que é o amor e o carinho.

Sobre a autora : Sou Sheila Vido Lima, Professora na Rede Estadual. Atualmente, leciono na Oficina Curricular de Hora da Leitura e, também, trabalho no Programa Escola da Família. Adoro ler e passear.

(Nota da mediadora: A cronista pretende especializar-se na escrita de crônicas relacionadas a temáticas que envolvem o universo infantil.)


Crônica escrita com base na reportagem "Nossa Família Animal", publicada na revista VEJA - Edição 2122 de 22/07/2009.
Quer saber mais? Clique no título da crônica (ou copie e cole a URL em seu navegador da Internet: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia-tecnologia/nossa-familia-animal-485261.shtml)

Perfume interdita pista por duas horas

Rita de Cássia Vaz de Lima



Na manhã de ontem, um frasco de perfume parou o trânsito de São Paulo.
Um homem notou um objeto no vão de um poste e avisou a polícia. Com suspeita de que se tratava de um atentado, em poucos minutos parte do local foi isolada, causando lentidão atípica na cidade.
A equipe da CET foi para o local organizar desvios de rota, os bombeiros prontos, a tropa de choque, sem comentários. O delegado do 13º DP chegou com um amigo, enfim já havia quinze homens, e uma hora de auê no trânsito, quando o GATE chegou.
Um agente do GATE, todo paramentado com roupa e capacete especial à prova de bomba, recolheu a suposta granada. Depois de fotografar o objeto, notou que havia um spray em sua ponta.
Ufa! Fim do sufoco.
O objeto foi levado para o 13º DP para averiguação, e em seguida para o Instituto de Criminalística para uma análise mais detalhada.
Com aroma cítrico e amadeirado, o perfume francês Arsenal Black, com seu frasco em formato de granada, tem “presença impactante”, segundo a propaganda de seu importador da marca no Brasil. Foi uma boa propaganda, né?
O delegado relatou que “vendo de longe não parecia mesmo uma granada, mas a polícia não pode ficar inerte, o isolamento é necessário, até que tudo seja esclarecido”.
O GATE não concede entrevistas sobre suas operações com explosivos para não incentivar ações semelhantes, mas “todos saíram muito perfumados da delegacia”.
Por enquanto, pouco se sabe sobre os suspeitos. De olho na oportunidade gerada pela repercussão do caso, o importador deu pistas sobre usuários da fragrância: o perfume é consumido por “homens de caráter forte e criativo”, interessados em “marcar momentos e pessoas”. Rarará!


Crônica elaborada com base na notícia: “O dia em que um perfume parou o trânsito” publicada na Folha de São Paulo, p. C4 Cotidiano, 28/08/2009. Daniel Bergamasco/da reportagem local.
Quer saber mais? Clique no título da Crônica (ou copie e cole a URL em seu navegador da Internet: http://iemeclipping.wordpress.com/2009/08/28/o-dia-em-que-um-perfume-parou-o-transito/)



Sobre a autora:
Rita de Cássia Vaz de Lima, nasceu em Americana, graduada em Pedagogia e Letras. É Professora da rede estadual de ensino.

Gripe E-xagerada

Aparecida Elizabete Garcia Rubira de Oliveira

Pronto, chegou a gripe suína, a nova doença da moda. Chega a ser estranho o tamanho da atenção dos governos e da mídia sobre ela. Para mim, passa despercebida, há uma grande jogada de marketing por cima disso.

Governos do mundo todo investiram pesado no combate à doença. Aquisição de kits de diagnóstico, remédios e com a veiculação de propagandas no horário nobre, alertando sobre os riscos da doença. Não que a gripe ‘A’ não seja algo com que se deva preocupar. Longe disso. Para mim, há que se combater, sim, mas como toda e qualquer doença. Todo esse esforço das nações parece exagerado. Desde que a doença alastrou-se pelo mundo, matou menos do que muitas outras doenças, que continuam a matar milhares de pessoas todo ano.

Mas, enfim, qual seria a grande vantagem nisso tudo? Simples. Ao contrário de outras doenças, a gripe ‘A’ é uma “novidade” aos olhos de muitos. Especialmente da mídia, chamando-lhe a atenção, de modo que começou a tratá-la como se todas as outras doenças do mundo tivessem desaparecido ou se unido, para tornarem-se uma poderosa gripe. Não se contesta a mídia. Ninguém mais quer saber de malária: é coisa do passado. Desnutrição? Assunto pra África. O que se esperava era algo mais silencioso. Assim, o alarde seria mais garantido. Afinal, teme-se aquilo que não se vê. Com a bomba lançada, só faltava o impacto, e esse chegou na forma do caos, instalando-se na população que, rapidamente, começou a ignorar tudo e somente a pensar em como prevenir-se dessa nova gripe.

Instalado o período caótico (pelos meios de comunicação), era a hora dos nossos governantes agirem. Kits da OMS, propagandas, Tamiflu. Tudo isso para demonstrar através da televisão, que o governo estava cuidando da nossa população.
Não é de se contestar que o governo fez uma boa campanha publicitária usando do foco exagerado da mídia para se promover. Tamiflu não é a cura da AIDS, da Malária, da Desnutrição e de outras dezenas de doenças de tempos remotos que ainda matam brasileiros, em diversas partes do país.

Passam-se os dias e, cada vez menos, ouve-se falar dessa doença. Assim, que deixar de ser veiculada, não será de se estranhar que várias coisas acontecerão: dentre elas, o governo parar com os gastos absurdos em virtude da tal gripe, ou, ainda, o aumento da doença. Ninguém mais vai se preocupar com ela...

Cônica elaborada com base na notícia “Gripe A – A primeira pandemia televisionada”, publicada no UOL em 09/09/2009.
Quer saber mais? Clique no título dessa crônica (ou copie e cole a URL, abaixo, no seu navegador de Internet).
http://noticias.bol.uol.com.br/internacional/2009/09/09/ult580u3919.jhtm

Sobre a autora:


Aparecida Elizabete Garcia Rubira de Oliveira: (Nova Europa, 05/08/1956) Casada, dois filhos. Professora desde 1978, com formação universitária em Pedagogia e Química. Efetiva como Professor de Educação Básica I desde 1981. Atualmente encontra-se readaptada no cargo, na E.E. Prof. Wilson Camargo em Americana.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Obras de visibilidade...

Angela Maria Sgarbiero Castioni

Em matéria de criatividade me classifico abaixo do básico! Em todas as situações de exercício da criatividade sempre defendi ferrenhamente a tese de que tudo se copia, nada se cria! Desde a época que estudava no antigo ginásio sempre gostei mais de disciplinas como História e Geografia. Disciplinas seguindo uma sequência, o tempo presente sempre explicado através de fatos que aconteceram no passado. Lições compreendidas através da decisão de pessoas, baseada em fatos! Reais! Conjugo a crença de que o nosso presente é determinado pelas escolhas que fizemos no passado. Aliás, quando tenho que fazer uma correspondência técnica, ofícios, pautas de reunião, escrever textos técnicos, qualquer tipo de comunicação não encontro nenhuma dificuldade.
Agora, a professora diz que eu preciso cronicar.
Muito bem!!! Busco nos jornais um título que me encante (no sentido de encantamento, de magia) e acabo pegando um texto ao acaso, até pra não demonstrar o meu momento de dificuldade. Discretamente, olho nas carteiras vizinhas e percebo que a maioria das minhas colegas já tem muitas linhas escritas em suas folhas. Outras já estão com o texto pronto mostrando para a professora. A professora insiste: diz que temos mais dez minutos para encerrar a tarefa que, segundo ela e Neruda, é fácil. Então, decididamente, recorto uma notícia, novamente contando que a inspiração brote como milagre e é quando constato, num lampejo de racionalidade, que a notícia é sobre obras viárias de visibilidade. Obras no valor de 4 milhões.! De visibilidade! Incrível! Como as situações são adversas. Eu, suando em bicas para escrever poucas linhas de visibilidade. E o orçamento da cidade de São Paulo esbanjando zeros. Para obras de visibilidade!

Crônica elaborada com base na notícia: “Obras viárias em São Paulo custam 20km de metrô” publicada na Folha Online – 10/08/2009 – Cotidiano.
Quer saber mais? Clique no título dessa crônica (ou copie e cole a URL em seu navegador da Internet: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u607414.shtml).

Sobre a autora:

ANGELA MARIA SGARBIERO CASTIONI mora em Santa Bárbara d´Oeste, é professora e, atualmente ocupa o cargo de diretora da EE Dirceu Dias Carneiro. É mãe de dois filhos – Carolina (17) e Felipe (14) - e está casada com o Maurício. Como professora, ocupa-se, dentre outras atividades, em buscar formas para facilitar a árdua tarefa dos professores. Acredita que, independente da tarefa a ser desenvolvida, sempre existe uma forma de torná-la mais fácil, mais agradável, mais divertida. Pensa que, quando um professor descobre uma metodologia adequada para uma turma específica o resultado é muito mais positivo com menos esforço e desgaste e mais prazer. Gosta do barulho produtivo da escola e da energia que brota deste relacionamento.

Café da manhã o dia todo?

Alini Mara de Marques

Pesquisei na internet, em revistas e nas agências de viagem com o objetivo de descobrir um lugar dois “bs”: bom e barato, para fazer uma segunda lua de mel e, assim, encomendar um herdeiro, já que o meu prazo de validade está quase expirando.
Depois de muito procurar, encontrei uma pousada aparentemente tranqüila e aconchegante. Tudo o que precisávamos, e o melhor, com todas as refeições incluídas no pacote. Nem pensei no ditado, que diz: “Quando a esmola é demais o santo desconfia”. Pois bem, a santa aqui tratou logo de fazer as reservas.
Arrumamos as malas e nos dirigimos para a tal pousada, crentes de que seria um final de semana agradabilíssimo e que, de lá, voltaríamos descansados, grávidos e satisfeitos com a boa comida.
Quando chegamos, já era noite. Fomos dormir. A cama era boa, macia, cheirosa e não ruía do lugar. Ótima para alcançarmos nosso objetivo.
O café da manhã foi servido às nove horas. Um desjejum farto e muito agradável, com frutas, frios, iogurtes, tudo o que se espera de um autêntico café da manhã.
Em seguida, fomos caminhar pelas redondezas e até comentamos sobre o excelente café da manhã, e que as outras refeições deveriam ser melhores ainda. Vocês sabem, gordinhos sempre pensam nas próximas refeições.
Voltamos famintos para a pousada, depois de horas de exploração das riquezas naturais do lugar. Esperamos o almoço ser servido, mas este para desespero dos nossos estômagos, teimava em não aparecer. Foi aí que percebemos a mesa do café ainda posta. Estranhamos o fato e com vergonha de perguntar, matamos a fome com as guloseimas do café mesmo.
Só na hora do jantar é que descobrimos que o café era servido durante o dia todo. Pedimos explicações ao gerente que nos disse que ali era uma pousada de desintoxicação alimentar, por isso as refeições eram frutas, sucos e iogurtes. Questionei sobre o nome: Por que pousada e não clínica? Ele nos disse que foi opção do dono. Então, aleguei que deveriam informar, adequadamente, no site, sobre o lugar e ele me perguntou se eu não tinha lido as (malditas) letrinhas no canto do anúncio. Depois dessa, resolvi não perguntar mais nada. Apenas, me lembrei de que ficara impressionada com o preço que esqueci de ler o resto.
Mas, enfim, como faltava apenas um dia para terminar o final de semana, resolvemos nos desintoxicar também. Quanto ao nosso objetivo principal... Esse, não alcançamos. Diante dessa dieta forçada, não pudemos direcionar nossas esgotáveis energias para tal exercício físico.

Sobre a autora, 'por ela mesma':

“Nasci na cidade de Palmeira d’Oeste (SP). Sou professora da rede estadual, trabalhei durante oito anos em São Paulo, sendo dois deles na coordenação pedagógica. Foi uma experiência muito enriquecedora. Agora, estou em Americana e adorando a cidade. Adoro ler, e estou sempre disposta a aprender e fazer amizades. Acho amigos uma das melhores coisas da vida, por isso devemos cultivá-los. Sou casada, mas ainda não tenho filhos. Amo intensamente minha família e não consigo viver sem ela. Adoro a vida e suas novidades. Sou afobada e ligada nos 220, não consigo ficar parada e acho que dormir é perda de tempo. Bjs, assim sou eu.”

Direitos Humanos???

Edilene F. Antunes de Souza

Quando vi a notícia que um dos bandidos mais perigosos do Rio de Janeiro, Alexander Mendes da Silva, o Polegar, obteve progressão para o regime aberto (que dá o direito de passar o dia em liberdade) e fugiu no primeiro dia do novo regime, fiquei mais uma vez indignada. Alguém tinha alguma dúvida de que isso não ocorreria? O pior foi ter que ouvir a explicação do Presidente do Tribunal de Justiça do Rio: “Polegar já cumpriu parte da pena e, por isso, tinha o direito de passar para o regime aberto”.
Todos os dias somos “bombardeados” por notícias terríveis cometidas por indivíduos que, além de não respeitar a vida alheia, ainda reclamam por seus “direitos humanos.”
Direitos Humanos??? Um ser que comete atrocidades como: homicídio, latrocínio, estupro, pedofilia, às vezes até contra os seus familiares, e pior, contra os próprios filhos, a quem, até mesmo por instinto natural, deveria proteger, pode ser chamado de HUMANO?
E como ficam os direitos humanos da grande maioria da população brasileira que, sem apoio e sem condições mínimas, tenta sobreviver diariamente?
O que fazer? A quem cabe a responsabilidade?
A resposta para estas e muitas outras questões todos nós sabemos. O que falta não é apenas vontade política, mas também princípios morais e éticos.
Ao ver a reportagem, lembrei-me de uma carta que li há alguns anos, de autoria desconhecida, de uma mãe para a mãe do assassino de seu filho. Esta carta sintetiza muito bem o sentimento de impunidade, revolta, indignação e insatisfação que há muito tempo a população brasileira tem vivenciado, tem “sentido na pele”. Esta carta é um desabafo de uma mãe com uma dor imensa, não só pela perda do filho, mas também pela inversão de valores que presenciamos, atualmente, em nossa sociedade. Fiz questão de reler a carta e, também, tomei a liberdade de dividi-la com vocês.

Então, vamos à carta:

"Hoje vi seu enérgico protesto diante das câmeras de televisão contra a transferência do seu filho, menor infrator, das dependências da FEBEM em São Paulo para outra dependência da FEBEM no interior do Estado.
Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que passou a ter para visitá-lo, bem como de outros inconvenientes decorrentes daquela transferência.
Vi também toda a cobertura que a mídia deu para o fato, assim como vi que não só você, mas igualmente outras mães na mesma situação, contam com o apoio de comissões, pastorais, órgãos e entidades de defesa de direitos humanos.
Eu também sou mãe e, bem posso compreender o seu protesto. Quero com ele fazer coro.
Enorme é a distância que me separa do meu filho.
Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas que tenho para visitá-lo. Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos porque labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto da família. Felizmente conto com o meu companheiro, que desempenha importante papel de amigo e conselheiro espiritual.
Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou estupidamente num assalto a uma videolocadora, onde ele, meu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.
No próximo domingo, quando você estiver se abraçando, beijando e fazendo carícias no seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores no seu humilde túmulo, num cemitério da periferia de São Paulo...
Ah! Ia me esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa, pode ficar tranquila, viu? Que eu estarei pagando de novo, o colchão que seu querido filho queimou lá na última rebelião da FEBEM.”

Sem comentários...


Crônica elaborada com base na notícia apresentada pelo Jornal Nacional - edição do dia 15/09/2009, intitulada: Bandido ganha regime aberto e foge, no Rio – “Um dos bandidos mais perigosos do Rio de Janeiro ganhou o direito de passar os dias fora da cadeia. E decidiu não voltar mais para a prisão.”
Quer saber mais? Clique no título desta crônica ou copie esta URL e cole na barra de navegação da Internet): http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL1305894-10406,00-BANDIDO+GANHA+REGIME+ABERTO+E+FOGE.html



Sobre a autora:
Edilene Ferreira Antunes de Souza nasceu na cidade de Três Lagoas (MS); porém, sempre morou no estado de São Paulo. Fez Magistério e graduação em Ciências, Matemática e Pedagogia. Foi professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental. É diretora de escola da rede pública do estado de São Paulo. Sempre gostou de ler, principalmente crônica e romance. Prefere autores que retratam a sociedade brasileira utilizando uma linguagem simples, “recheada” de ironia e bom humor. Como escritora, tem, até o momento, dois textos publicados: um artigo de opinião e uma crônica.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Correria crônica

Maria Cristina Delvechio Rosseto

Todos os dias, ao amanhecer, sempre a mesma rotina. Que correria: filho para acordar, fazer o café da manhã, a marmita para enfrentar mais um dia de trabalho. Esse, cheio de surpresas, pois somos humanos demais para compreendermos o que Deus nos prepara.
Abro a porta, recolho o jornal, somente o observo. Tudo pronto. Lá vamos. Que Deus nos ajude, e que façamos a nossa parte!
Fecho o portão. Ando... ando até ao ponto de ônibus chegar. Entrando no ‘buzão’ vejo aquelas pessoas sofridas, mas com muita esperança de que tudo vai melhorar.
Ao chegar ao trabalho: “bom dia”, “bom dia”. Uns respondem, outros não, Mãos a obra. E, quando nem vejo: hora do almoço e, logo, retorno à labuta. Entre altos e baixos, vou continuando o meu trabalho. Chega, enfim, a hora de retornar para casa. Novamente, no ‘buzão’. O cheirinho nem tanto agradável. Entretanto, o cansaço nos faz adormecer. Quase sem perceber, cheguei a minha casa.
Ufa! Que correria! Será que vou conseguir descansar um pouquinho? Ai! Acho que não. Estou ouvindo meu filho e meu marido me chamarem.



Maria Cristina Delvechio Rosseto, professora dedicada que aprecia textos diversificados. Nasceu em Flórida Paulista, no estado de São Paulo, em 1975. Curte frases bem profundas que elevam a luta em nosso cotidiano. "Quando esperamos por coisas boas, elas constantemente estão à disposição".

É nosso mesmo?

Rosana Cambuy

E lá vem ele de novo. De marolinhas aos atuais tsunamis, ele chegou ao fundo do mar.
Pré-sal, companheiros. Agora dele todo o mundo vai ouvir falar.
De um jeito ou de outro não se deixa afundar. Contanto que esteja de vento em poupa, o que interessa é alardear. Alardear fim da recessão; crescimento econômico e, agora, as reservas de petróleo descobertas na camada pré-sal.
Atos secretos, privilégios, passagens aéreas, trocas de insultos, deixa a onda levar.
Ah! O pré-sal. E a Petrobrás “orgulho e patrimônio brasileiro” permitirá algum benefício ao povo brasileiro?
Por acaso, iremos pagar menos por nossa gasolina?
Olho pra trás e penso no presente que o período Jurássico nos deixou e sem querer ser ave de mau agouro...
Então, companheiros, vamos comemorar nosso passaporte para o futuro!


Sobre a autora:


Rosana Cambuy de Souza nasceu em São Francisco, São Paulo em 1968. Professora da rede estadual de ensino há 15 anos. É formada em Letras e Pedagogia pelo Instituto Salesiano D. Bosco. Leciona na Escola Jonas há 4 anos.
Apaixonou-se pela literatura aos 14 anos ao ler o romance Clarissa, de Érico Veríssimo e toda sua obra.

domingo, 20 de setembro de 2009

O FILHINHO DA MAMÃE

Ângela Maria de Oliveira Boreli

Hoje, como faço toda manhã, fui dar uma volta no calçadão. Fiquei abismado com todas aquelas senhoras com seus cachorrinhos de estimação. Cachorrinhos não, melhor filhinhos, porque quando passei próximo de uma delas eu ouvi:”vem com a mamãe”. O cachorro parecia entender, balançava a calda e agradecia os carinhos.
Não que eu já não tenha visto essa cena antes, mas hoje... está demais. Continuei minha caminhada e a cada trecho encontrava os “filhinhos com suas mamães”. Logo adiante, quando parei para tomar um suco em um quiosque de toldo amarelado pelo tempo, apareceu uma criança de rua pedindo-me algo para comer. Mais do que depressa eu dei e a criança foi embora.
Olhei aquela cena e fiquei pensando: tanta criança órfã precisando de um lar e as pessoas ao invés de adotá-las, adotam cachorros.
Bom, pelo menos em minha casa isso ainda não aconteceu... pelo menos eu acho. Bem que minha mãe anda com umas idéias estranhas. Falando de pegar um cachorro, porque está muito só, dizendo que eu não fico muito com ela, essas coisas da idade.
Agora, vou para casa. Está na hora de ir trabalhar e “trabalhar pra cachorro”.
O dia foi terrível. Cheguei em casa muito cansado e fui tomar um banho. Quando estava me enxugando escutei uma conversa que vinha lá da sala: “Oh! Que lindo, o filhinho da mamãe!” Epa! Fiquei pensando: quem será que está com minha mãe? Filhinho?! Ela só tem a mim de filho! Vesti–me e fui correndo ver o que era. Ah, não! Não acredito! Até a senhora mamãe! Adotou um cachorro para chamar de filhinho!
Olha, filho, o mais novo irmãozinho seu...

Crônica elaborada com base na leitura da matéria "Nossa Família Animal", publicada na revista Veja - 22/07/2009.
Quer saber mais? Clique no título da crônica (ou copie e cole esta URL na barra de navegação da Internet): http://veja.abril.com.br/220709/nossa-familia-animal-p-084.shtml

Sobre a autora:
Ângela Maria de Oliveira Boreli, nasceu em Cardoso S.P.em 1968, viúva do 1º casamento, do qual tem um filho maravilhosamente especial. Hoje, conta com o apoio do esposo Celso e, dessa união, teve outro maravilhoso filho. Cardosense, romântica, amiga, simples e apaixonada pela vida e também por filmes de romance e aventura. Não dispensa uma boa leitura e nem de sair com a família. Já foi secretária, vendedora e caixa de supermercado. Estudei em Jales onde conclui a faculdade de Letras. Começou a vida no magistério em , na qual está até hoje. Fez vários cursos de aprofundamento na área, oferecidos pelo Governo do Estado de São Paulo, na Unicamp.
Hoje, é professora de Língua Portuguesa na E.E. Profº Eduardo Silva e de Língua Inglesa na E.E. Maria de Lourdes Maia Frota, ambas em Santa Bárbara d’Oeste.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Na onda do blog

Cleuzeli Mendes

É... tudo começou assim: você acessa aqui, clica ali, cria uma conta.
− Chiiiii, conta? Mas... que conta? O que não me falta são contas: água, luz, telefone,internet,etc, etc. Não me venha falar em contas!!!
O desespero é total!
− Não peça ajuda ao marido!
− Marido, conta, tudo a ver... Ah! Aí é que entra o marido!
− No blog?
− Não, na conta, no pagamento dessa tal conta.
Mas vamos ao que interessa, a conta do Blog, fazer um Blog, certo?
Blog, essa palavrinha soa molenga, esparramado, desanimado... com preguiça! E preguiça pode ser algo bom, se você tem tempo para descansar ou se esparramar feito um Blooooog, caso contrário é preocupante, coisa de gente sem atitude, é crônico!
E por falar em crônico, como já disse Ivan Ângelo: o cronista não se acha. Embora eu não seja uma cronista nata, estou perdida... tentando dar um final para essa minha... crônica.
Lembra? Fazer, criar, tomar gosto por uma crônica é como deliciar um pedaço de queijo?! Desculpem, mas tenho que jantar...
Diferente de Rubem Braga, não tenho duzentas crônicas engraçadinhas ou tristes, interessantes ou... para escrever, mas ainda tenho forças para dizer que vocês tenham uma boa noite (Afinal, esse momento é noite aqui em minha casa!)
Ah! Já ia me esquecendo, criei o meu Blog. A conta está paga!!!!

Sobre a autora:



Cleuzeli Mendes de Souza Pereira, filha, mãe, esposa, professora do ciclo I na Escola Delmira de Oliveira Lopes, desde 1988 (apaixonada por tudo o que faz e por essa escola). Nasceu em Tapira, no Estado do Paraná, a 12 de setembro de 1968.
Seu sonho era ser bailarina, mas teve na figura de sua professora primária o exemplo a seguir. Aos 9 anos mudou-se para Americana. Aos 16, iniciou o curso de magistério na Escola Estadual de 1º e 2º Graus João XXIII. Aos 18 anos, fez um curso de curta duração de atendente de enfermagem para trabalhar no Hospital São Francisco (valeu a experiência!). Ficou pouco tempo, o dom era outro (descobriu sua aversão a sangue).
Depois de formada no magistério, no ano seguinte, ingressou no serviço público. Em 1989, iniciou o curso de pedagogia no Instituto de Ciências Sociais de Americana (atualmente Unisal incentivada por uma colega do magistério, Vera Lúcia Cândido, que hoje é diretora de escola.
Na época da faculdade, tinha como hobby a participação em desfiles, fazia um curso de manequim, aos sábados, e se deliciava com os eventos, além de fazer dança. É mãe da Bárbara,9 anos e do Gustavo, 3 anos e 6 meses(maravilhosos!) e esposa do Paulo Sérgio.
Dedicada, detalhista, tímida, persistente e ansiosa quando se trata de mediar seus alunos na construção de seus saberes (professora alfabetizadora por 11 anos), atualmente com uma 3ª série do ciclo I.

Democracia?

Kátia Valéria Caio Terense Peressinotto

A coordenadora informa em um HTPC:
- Professores, prestem atenção! A partir de hoje, por determinação da dirigente, assistirei as aulas e entrevistarei os alunos para saber como estão as aulas e como eles avaliam o aprendizado.
- Como?
- Avaliar minha aula?
- Alunos me avaliando?
- Calma, pessoal! É só uma rotina, não precisam se preocupar.
- Como não? Você já esqueceu o que é ser professora?
- Gostaria de estar sendo observada?
- E se nessa aula os alunos estiverem fazendo a maior bagunça?
- E se nesse dia minha aula não for boa? Serei avaliada por uma única aula?
- Calma, gente! Vocês estão se precipitando...
- Precipitando nada, você fala isso porque não é você...
- Quem diria... Depois de vinte anos dando aulas, vou ter que passar por esse vexame! Avaliada por alunos e coordenadora como se não soubesse dar aulas...
- Não é bem assim! É só para poder ajudar vocês, trocar idéias de algumas práticas de ensino, melhorar a qualidade das aulas para os alunos.
- Mas, me diga, por que isso? Desconfiança que não estou usando o material ou não ensino nada?
- É isso mesmo, de onde surgiu essa ideia absurda?
- Não sei, mas muitos pais reclamam que os alunos não aprendem muito, que existem professores que não são preparados, e que até em Taiwan têm professores melhores.
- Ainda mais essa. Estão me chamando de incompetente! É fácil julgar quando se está atrás de uma mesa, longe de sala de aula.
- Eu nem ligo! Não vou mudar minhas aulas! Só falta um ano mesmo para aposentar...
- É isso mesmo. Os alunos que bagunçam e nós que seremos punidas?
- Como posso ser avaliada por alunos que querem me ferrar?
- Eu sei que os alunos fazem bagunça, às vezes, inventam, não vou olhar isso... Só o pedagógico. Calma! Vocês estão irritados à toa.
- Sou obrigada a deixar? E se não permitir?
- Não tem escolha. São ordens e terei que cumprir. Fora isso o supervisor também virá!
- Não faltava mais nada...
- Gente são ordens. O que querem que eu faça?
- Defenda nossos direitos. Será que existe o direito dos adultos? Só escutamos falar agora dos direitos das crianças e nós onde ficamos nessa?
- E depois dizem que vivemos em democracia...


Crônica elaborada com base na reportagem: "Professores brasileiros precisam aprender a ensinar?" publicada no jornal Folha de São Paulo, em 10/08/2009 - Caderno Ciência - Entrevista da 2ª, pág. A16 - Entrevistado: Martin Carnoy, "Para economista, é preciso supervisionar o que ocorre na sala de aula no Brasil; problema também afeta escola partucular"
Clique no título da crônica e leia a entrevista (ou copie e cole esta URL na barra de navegação da Internet de seu computador): http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/noticias/gd100809.htm)

Sobre a autora:

Kátia Valéria Caio Terense Peressinotto, nasceu em Americana, em 1962. Pessoa cética desde pequena, nunca se deixa levar por opiniões alheias. Diplomou-se em 1984, em Letras, mas tinha pouco interesse pela profissão por pensar não ser preparada o suficiente para enfrentar alunos. Preferia manter relações profissionais com pessoas objetivas, experientes e com ramos desvinculados à Educação. Em 1996 ingressa na Educação e começa aguçar a curiosidade e o poder crítico de todos seus alunos. Seus conhecimentos são adquiridos através de leituras, reflexões e troca de idéias onde possa analisar e concluir. Acredita na capacidade das pessoas e adora instigá-las.

Clima Tenso

Alessandra Pessoni

Passeando pela América Latina, observei uma certa tensão entre Chaves e Evo, comecei a me perguntar, o que será que está acontecendo com eles, qual seria o motivo de tanta tensão e revolta?
Ai, me lembrei das famosas Farc, cuja especialidade é o seqüestro e o narcotráfico.
Estão dizendo por aí, que a esquerda radical da América Latina, quer usar as Farc para desestabilizar os governos democráticos do continente.
KKKKKK, tudo bem que o nome esquerda radical não soa muito bem, mas Chaves, Evo e até o saudoso Fidel só querem proteger seu povo. Daqui a alguns dias irão dizer que até o Lula está envolvido com as Farc. Deve ser por isso que ele parou de proclamar em seus discursos “Companheiros e Companheiras”.
Mas, continuando minha viagem, o clima continua esquentando, Chaves e Evo estão com cara de pit Bull. Tudo por causa dos EUA, que querem implantar a ALCA na América Latina de qualquer maneira. Só que com uma nova embalagem. Mas o produto é o mesmo.
E, voltando novamente ao Brasil, ainda bem que o povo fez um plebiscito contra a Alca, e o Lula mesmo com a sua “marolinha” não aceitou tal proposta.
Uf! Pelo menos até 2010 estaremos salvos da Alca, depois só Deus e o PSDB é que sabem. KKK
E falando em PSDB, o clima também está tenso, parece que o Serra, resolveu brincar de serra-serra e resolveu serrar ao meio os professores. Coitados! ficar seis meses sem trabalhar, foi o fim da picada, ou o fim da educação?. Mas, ainda bem que os professores irão ganhar 7.0000, kkkkk.
E, já no final da minha viagem, percebi uma coisa muito importante. Ainda bem que a turma da esquerda continua unida em seu ideal. Não se importam com o que pensam e falam sobre eles. Afinal, alguém tem que ser da contra mão.

Sobre a autora:



Alessandra Pessoni é professora de Língua Portuguesa da rede pública do Estado de São Paulo.

A velha Lei Seca

Susimara Pereira Roberto

O povo já está confuso.
- Será que, com a chegada da Lei antifumo, a outra já está fora de moda?
Falo da Lei Seca que, quando entrou em vigor, era para acabar com o mal pela raiz. Mas o que vejo não é bem assim...
Não é difícil encontrar motorista bêbado dirigindo. Mas, também, se por azar for pego, é simples – todo mundo sabe o que fazer, é só se negar a fazer o teste do bafômetro que estará livre da acusação, por falta de provas.
Numa blitz o guarda para um motorista para averiguação.
O motorista tenta descer mais está visivelmente embriagado e diz:
- Oh! Seuuu guarda, eu não bebi muito não, esse ziguezague que estou fazendo com meu carro é só para testar os pneus e a segurança.
- O senhor não consegue nem sair do carro e quer me enganar? Por favor, assopre aqui...
- O que? Nem pensar, acha que eu sou bobo?
- Assopre aqui!
- Chefia, não seja ultrapassado, não sabe que agora devia é tá fazendo blitz nos bares para ver se alguém tá fumando embaixo de alguma marquise!?
O guarda, então, liberou o motorista sem poder fazer nada.
E queremos ser respeitados pelo mundo afora. Foi feita a maior propaganda na mídia (até internacional) sobre a Lei Seca e tudo não passou de “fogo de palha”, como diz o velho jargão.
O povo já está até conformado com essas palhaçadas. Realmente é mesmo muito engraçado.
Alguém se lembra do “kit de primeiros socorros”? Se não tivesse o dito cujo era multado. Hoje é motivo de piada.
Espero que não inventem outra dessas leis polêmicas para que a mais nova da turma não seja esquecida.
O Brasil não precisa de mais leis. Precisa, sim, aprender a pôr em prática as tantas que já existem.

Crônica elaborada com base na reportagem: 'Lei Seca' virou piada, publicada em O Liberal de 08/09/2009.

Sobre a autora:



Susimara Pereira Roberto nasceu em Americana, São Paulo. É professora da Rede Estadual de Ensino de São Paulo desde 1988. Estudou até a 8ª série no Sesi 101 do bairro Frezzarim e cursou Magistério na escola Heitor Penteado. Fez o curso superior pela Universidade Paulista de Marília. Hoje tem cargo efetivo na Escola Estadual “Antonio Matarazzo”, em Santa Bárbara D’Oeste.

A PEDAGOGIA DOS LAPTOPS

Priscila Kely de Souza de Oliveira

Depois da gripe suína, morte de Michael Jackson, a famosa mancada de Sarney e do recesso escolar, enfim, agora chegou a vez da escola nos surpreender. Professor e aluno trocarão seus cadernos utilizados desde que o mundo é mundo, ou melhor, papel é papel, por “Laptops”. É a tecnologia chegando de “malas e cuias” pelos portões, corredores e salas de aula da escola para se apossar de tudo. Cuidado se você for solteiro ou enrolado!
Cuidados gente! Precisamos nos prevenir dos cursos - famosos intensivos - reciclagem e aperfeiçoamento. Sem eles, a pedagogia fica só no papel. As letras já estão escritas, tudo bem. Essas, podem até passar. Já as outras, todas precisam, necessariamente, fazer os cursos. Não teremos desculpas - já está tudo dominado, mas é dominado mesmo.
Para o aluno basta o laptop. Os cadernos, canetas, lápis, lápis de cor, borracha, régua, tesoura e cola fica, agora, na papelaria. A tecnologia dará conta de tudo.
Não se preocupem com os alunos, não alfabetizados, todos terão no Word a correção ortográfica. Na internet, tem tudo, não é? Então, o dicionário, com certeza, faz parte deste tudo, também.
Mas o que faremos para desenvolver a coordenação motora e acabar com as gordurinhas localizadas? Nas aulas de Arte-Educação e Educação Física geralmente isto acontece de forma prática e prazerosa. Como isso acontecerá virtualmente?
Todos nós sabemos que tudo novo na Educação ou é 8 ou 80. Depois de muito refletir, resolvi ser 50% virtual e 50% prática. Assim, serão desenvolvidas as habilidades motoras e físicas indispensáveis ao desenvolvimento da criança ou adolescente.
Enfim, o dia era este mesmo. A aula teria que ser iniciada. Comecei pelo começo, como sempre. Expliquei aos alunos sobre os nossos 50% virtual e 50% prático.
Sem que eu tivesse terminado o assunto, já tinha um aluno com a mão levantada.
Então, perguntei:
- Você tem dúvidas?
- Pro, posso entrar no meu Orkut? Sabe, hoje, eu não entrei para ver se tinha recados novos.
Antes de o aluno terminar de falar, na sala que tem 42 alunos, 30 falavam.
- Por favor! Pro, eu também preciso muito. Você sabe que tem a fase do vício. Depois passa. Deixa a gente matá-la. Não vai custar nem um inseticida. Por favor! Por favor! Imploravam todos, em coro!
Nesse instante, resolvi propor a seguinte atividade: cada aluno pesquisará determinados conceitos em Arte, como: renascimento, realismo, expressionismo, impressionismo, abstracionismo, dentre outros. Depois de pesquisado e lido enviará para o colega, pelo Orkut. Cada um receberá o seu. Deverá ler e escrever o seu próprio conceito e as idéias principais do texto. Depois enviará ao colega novamente. A correção será feita pela professora, porém todos deverão fazer a sua parte.
A aula foi um sucesso. As trocas aconteceram de forma intensiva. Depois de alguns dias chegaram com outra nova. Dizendo:
- Pro, você viu o MSN?
- Olha, Pro, não é o “Movimento dos Sem Nada, dos Sem Noção, dos Sem Net” e outros que ouvimos por aí, não. É um jeito diferente de conversar, de forma virtual. É mais rápido que orkut! Afirmaram os alunos.
- Bom, eu já tenho o meu MSN, meus queridos! Também gosto, pois consigo conversar com todos. Perto ou longe. Qualquer dia destes faremos um teste. Depois, quero mostrar o mais novo e famoso Twister - ou será Twitter? Sei lá. Precisarei pesquisar e conhecer mais. Esta tecnologia ainda é nova. Terei que fazer outros cursos para renovar o estoque porque este já está acabando.
Isso veremos depois. Até lá o governo já terá inventado novas estratégias. Melhor esperar. Estará tudo dominado novamente...
Enfim, as aulas de Arte renderam muitos babados.

Crônica elaborada a partir da reportagem: “Alunos trocam cadernos por Laptops”, publicada em O Liberal de 08 de Setembro de 2009, Seção Cidades, pág. 06,


Sobre a autora:

Priscila Kely de Souza de Oliveira é Professora de Arte-Educação e Pedagoga, nasceu no dia 11/04/1981, na cidade de Americana – SP. Primeira filha do casal Francisco e Ducléia. Casada há 8 anos.
"Fui alfabetizada pelo método tradicional, porém sempre gostei muito de: papéis (cores e texturas diferentes), lápis de cor, tesoura, cola e outros materiais que poderiam dar possibilidades de criar algo diferente. Isso sempre me encantava e deixava-me vidrada.
Formei-me inicialmente no Magistério. Depois a Faculdade de Pedagogia. Neste meio, resolvi montar um Trabalho Final de Curso, com o tema: “Estudo de desenho de Crianças e a criatividade”. Nesse trabalho, apliquei um teste para diagnosticar a criatividade das crianças e quando esta deixa de fazer parte do desenho da criança. Essas questões me levaram a observações e análises profundas. Depois de experiências maravilhosas, resolvi ir para a área de Arte – Educação, na qual formei-me também.
Atualmente trabalho na rede estadual de ensino do estado de São Paulo. Sou professora de Arte – Educação. Leciono para turmas de 2º até o 6º ano do Ensino Fundamental I e também de EJA - 6º a 8º série do Ensino Fundamental II.
Gosto muito do que faço e também de desafios que me fazem crescer a cada dia. Um deles é o curso “A Crônica na Vida do Professor e na Sala de Aula” ministrado pela professora coordenadora: Luzia Ap. Salmaso, que me inspirou a escrever algumas crônicas, algo que, para mim, ainda é difícil."

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Inveja Mata

Iris Batista Silva

Sempre invejei as mulheres que não trabalham fora. Elas ficam em casa,cuidando dos filhos, do marido, da casa. Podem acordar a hora que quiserem, deitar durante o dia... Meu sonho!
Bem, esse era meu sonho até conhecer minha mais recente vizinha. A Marcela. Meu Deus! O que é aquilo? Com dois filhos, ela, praticamente, não tem o que fazer, pois não tem como fazer. Eles não deixam! As crianças passam o dia na rua e ela fica com eles. Detalhe: gritando para eles não serem atropelados. Com todas as pessoas que passam por lá ela conversa um pouquinho... uma hora mais ou menos, mas, o suficiente para descobrir a vida do coitado ou da coitada.
Quanto ao marido... É complicado. Ele quase não fica em casa. Acho que não suporta tanta gritaria. Quando fica, ela sai. E, aí, ele resolve cantar no karaokê: é insuportável!
A casa, eu sempre imaginei que seria pura organização, mas é pura desordem, e muita sujeira. Nunca tem nada. Ela vive no meu portão pedindo:linha, alho, cebola, ovo, sabão em pó e até café. Acho que a coisa anda feia por lá.
Ah! Tem outra coisa: a VIDA. É a cachorra. Estou com uma baita raiva da Vida! Ninguém merece ouvir o dia todo: Cala boca, Vida!
A minha vida está ficando quietinha de tanto ouvir isso.
Depois de um tempo observando tudo isso, perdi qualquer vestígio de inveja. Aprendi a dar valor a minha vida e, graças a Deus, tenho um trabalho e não preciso ficar ouvindo minha vizinha o dia todo.

Um pouco sobre a autora:

Iris Batista Silva nasceu na Bahia, em 1968. Ainda criança veio para São Paulo. Formou-se em Letras e em 1995 mudou-se para Americana exercendo a função de professora em escola pública. Sempre gostou muito de leitura, mas escrever nunca foi seu forte. Seu primeiro trabalho como escritora foi a crônica Inveja Mata.

UMA HISTÓRIA DE AMOR NO LIXO

Naquele dia acordei com vontade de limpar o mundo, isso às vezes me acontecia, já que sempre fui uma pessoa solitária e arredia.
Vesti minhas galochas pretas, arrematei a vassoura e me senti a verdadeira Deusa Grega da Limpeza. Rumei em direção à rua para desempenhar o papel ao qual me prestei.
Entre uma vassourada e outra, percebi um volume entre as folhas e resolvi investigar. Para meu espanto era uma carteira recheada de oncinhas. Logo veio a ideia de me apossar daqueles felinos e curtir um pouco a minha tão entediada vida.
Porém, não contendo a minha curiosidade (coisa de mulher), vasculhei aquele objeto detalhadamente e descobri que além de oncinhas havia também um gatão.
Fiquei tão impressionada com aquela bela visão que imediatamente decidi retomar meu perfil de boa samaritana e devolver o que não me pertencia.
Hoje encontrei outras “coisas” a fazer, “bem” mais interessantes e prazerosas do que varrer rua.

Crônica elaborada com base na notícia: "Sem gari, mulher varre rua", publicada em 'O Liberal' de 11/08/2009 - Seção: Cidades, pág.07.

Autoras:
Alini Mara de Marques
Íris Batista Silva
Rita de Cássia Vaz de Lima

A VELHA CADERNETA REFORMULADA

Durante décadas o brasileiro alimentou o hábito de comprar FIADO. Usou cadernetas, pequenas anotações, fichas, dentre outros. Hoje, a situação não é diferente. Com o grande avanço tecnológico e o crescimento do crédito para todos os níveis sociais, o povo tem a ilusão de que tudo acabou. Não se compra mais fiado. Esquece que, no final do mês, o carteiro chega com uma imensa fatura do cartão de crédito. Esse danado que veio para substituir a velha caderneta e, hoje, causa impacto, frustração, inconformismo e grande arrombo no bolso do consumidor.
Enfim, naquele mesmo instante, as pessoas indignadas com o tamanho do Fiado (fatura) param tudo. Inicia-se, assim, uma força tarefa com toda a família para juntar os tickets - uma verdadeira competição de atletismo financeiro. Todos precisam dar conta dos seus gastos. A única certeza é a de que o Fiado realmente existe e não se tem para onde escapar. Todo o empenho foi em vão. A derrota é certa.
Pensando bem, o cartão de crédito não é tão vilão assim. Com ele pode-se comprar qualquer coisa, sem passar pelo incômodo de ser barrado no caixa por comprar mercadorias “supérfluas”- na visão do comerciante – ou, ainda, perceber aquela famosa olhadinha que deixa bem claro que você não tem condições de adquirir tal mercadoria, pelo modo de articular as palavras e até mesmo pela aparência.
Quando se usa a caderneta é quase certo que o comerciante conhece a vida do freguês e, quando a casa está caindo “financeiramente”- pois notícia ruim chega 'a jato'- o coitado é barrado e passa a fazer dieta forçada. Não importa se é gordo ou magro, o castigo é o mesmo.

Crônica elaborada com base na reportagem: "Fiado, só amanhã. E hoje também", publicada em O Estado de São Paulo, em 24/08/2009 - Seção: Economia, pág. B4.
Quer saber mais? Clique no título da crônica (ou copie e cole esta URL na barra de navegação da Internet) - http://www.jt.com.br/editorias/2009/08/24/eco-1.94.2.20090824.8.1.xml)

Autoras:
MARIA APARECIDA RODRIGUES DOURADO.
PRISCILA KELY DE SOUZA DE OLIVEIRA.
SUSIMARA PEREIRA ROBERTO.

CINE TELEBRASIL

Todas as manhãs, quando acordo, vou ao quarto de meu filho chamá-lo, saio e vou à cozinha preparar nosso café. Da cozinha preciso chamá-lo umas três vezes, até ele se levantar, mas tudo bem, mãe é pra ter paciência mesmo!
Ele chega todo sonolento, puxa a cadeira, senta-se e começa a folhear o jornal, vai primeiro ver a charge e depois o Caderno L, de O Liberal.
Hoje, enquanto colocava as xícaras à mesa, ele me falou:
- Mãe, Americana vai ter cinema outra vez!
- Onde, meu filho?
- Ah, na rua Carlos Alberto Brassoto, ao lado da Casa da Criança.
- É, e qual é o nome deste novo cinema?
- Cine TeleBrasil.
- Interessante, não tinha ouvido falar sobre este novo cinema.
Ele, todo entusiasmado, pois adora aquele que é uma das “sete maravilhas das arte”, me disse:
- É, agora não precisamos mais ir pra Santa Bárbara assistir filme, né mama?
- É, meu filho, infelizmente é um absurdo uma cidade como Americana não ter um cinema, os americanenses que querem ver um filme ter que ir para Campinas, Santa Bárbara ou Piracicaba!
E saber que, nem empresários, nem Prefeitura, ninguém se mobilizou para que não fechassem as únicas duas salas que tínhamos no Wellcome. Mais intrigante ainda, é que a história se repete. Americana já perdeu seus cinemas. O Brasil caiu! O Cacique caiu! Sai Brasil, sai Cacique, entra Wellcome! Nem índio, nem gringo! E os “gringos”, de novo, nada fizeram para não perder. Dinheiro? Não! Não perder “cultura”, não perder o “humano”. Humano? O que será que Nietzsche diria? “Humano, Demasiado Humano”?
Isso, para a cidade de Americana, que se diz tão importante, que investe em cultura, lazer, educação, me parece estar falhando em algo, não acha?
Fiz o comentário e sentei-me para tomar meu café. Não deu tempo de ler meu jornal antes do trabalho.
Saímos perdendo a hora, como todo dia! Sabia que iria ler o jornal só no fim do dia!

Autoras:
Arlete Aparecida Bellani Suzigan
Kátia Regina Mazeto

FUMO NA CALÇADA

Todos concordam com a importância da preservação do meio ambiente.
O que realmente incomoda é a pergunta: “Por que com a nova lei para fumantes, ninguém está preocupado com o meio ambiente?
Num final de tarde, ao buscar minha filha em seu emprego, me deparei com uma cena lastimável.
Homens e mulheres tragando seus cigarros como loucos desvairados, necessitados pelos pequenos minutos destinados aos fumantes, onde podem se ausentar de suas funções, pelo prazer do vício, na calçada, defronte a uma multinacional.
Ao observar a cena, a impressão transmitida não era de seres humanos, pensantes, que deveriam estar conscientes da necessidade da preservação do planeta e do seu próprio corpo.
Presenciei viciados, impensantes, que além de poluir o ar com seus cigarros, ainda jogavam as bitucas na guia.
Nessa semana, quando fui buscá-la novamente, constatei que a empresa havia tomado uma atitude para resolver o problema colocando um cinzeiro na calçada, tentando minimizar o impacto sobre o ambiente da atitude poluente de seus funcionários.
Mas, para minha surpresa, no cinzeiro havia latinhas de refrigerante, também recicláveis, e as bitucas continuavam no chão.
Prega-se tanto contra os abusos à natureza, mas legalizam a contaminação por bitucas ?

Autoras:
Kátia Valéria Peressinotto
Ângela Maria S. Castioni
Sílvia Elena Bondance

MEU GRANDE SONHO

Passando por uma rua numa grande cidade brasileira, observei um outdoor de uma conceituada clínica de um dos mais famosos especialistas em reprodução humana. Não pensei muito para procurar o local.
A recepção foi excelente e ali naquele instante vi a possibilidade de realizar meu grande sonho: ser mãe; uma vez que, naturalmente, isso jamais seria possível.
Tudo maravilhoso, simples e prático: escolher o sexo, a cor dos olhos, o cabelo, a pele...
Comecei a rotina de visitas e exames. Estava empolgada. O atendimento, a educação, os cuidados, a gentileza, enfim, tudo encaminhado e pronto para o procedimento.
No dia marcado, fui até o local, emocionada, estava muito ansiosa, pois era o dia, a hora, jamais esqueci daquele momento.
Durante o procedimento, sob o efeito dos medicamentos, comecei a ouvir insinuações e a perceber que o médico tocava meu corpo de uma forma diferente e desnecessária. Não acreditei no que estava acontecendo. Tentei gritar, mas não consegui.
Esse conceituado especialista, na verdade, é um monstro, um criminoso, que se aproveita da fragilidade emocional das mulheres, que vão em busca da realização de um sonho e de uma satisfação pessoal.
Após receber alta, voltei para casa e comecei a pensar: às vezes é preciso passar por situações como esta para reconhecer que a vida é uma criação divina, e uma mulher que não recebe este dom deve compreender que se Deus não a incluiu entre as destinadas à procriação, procurar meios artificiais pode não ser a melhor saída.
Arrependida não diria; mas, talvez, tenha aprendido mais uma lição: realizar um sonho pode não ser a melhor coisa da vida; no meu caso: sonho realizado, mas um trauma eterno que carrego comigo e que jamais esqueci.


Autoras:
Cleia Cristina Tognoli Rodrigues
Edilene F. Antunes de Souza
Sheila Vido Lima


Parada Gay

Estava um dia lindo! Café da manhã, no sofá para ver a TV. No noticiário, uma reportagem sobre a Parada Gay. Vai ser realizada hoje.
Pensei: porque não ir?
Tomada por um grande entusiasmo, resolvi descobrir qual era o significado daquela parada. Fui!
Chegando lá, vi muitas pessoas, dos mais variados tipos. Todas super felizes por estarem ali. Lutando pelo mesmo objetivo: viver sem preconceito.
Este preconceito que existe em nossa sociedade machista e capitalista onde, quem ousa sair dos padrões é duramente criticado pela sociedade.
Mais que sociedade é esta? Que fala de ética: Ética profissional, ética no amor, ética com a natureza e ética na cama.
Vivemos em uma sociedade em que as pessoas usam máscaras para não mostrar seu verdadeiro eu.
Felizes os gays que conseguem sair nas ruas sem máscaras, e dizer: eu sou sim homossexual e daí? Sou feliz e é isso o que realmente importa.
Eles derrubam todas as máscaras desta tal sociedade...

Autoras:
Taciana Antonia Mialichi
Verdete dos Santos Antonio

Emprego ruim, salário pior

Cinco e trinta da manhã. Acordo com o estridente som do despertador. Hora de levantar. Que noite curta!
Meus olhos ainda ardem de sono! Mas não posso nem reclamar, afinal, depois de dois anos desempregado, no desespero, numa luta desenfreada para me recolocar no mercado de trabalho, tenho mais é que agradecer.
O salário é baixo, mas fazer o que, não tem um ditado popular que diz: “Melhor pingar do que secar?” Mas a coisa lá em casa está mais para secar, afinal, não sobra dinheiro pra nada, ou melhor, falta pra tudo. Depois de tantos currículos enviados fui selecionado numa empresas terceirizadas, dessas que ficam com a metade do nosso salário.
Já fui bem sucedido, ganhava bem, era respeitado, mas então veio a crise, que o nosso ilustre presidente insiste em chamar de “marolinha”, e fui substituído por um estagiário. Meus longos anos de experiência não foram levados em consideração. Me senti um “zé-ninguém.”
Penso na minha mulher que depois de tantos anos cuidando apenas das crianças e das coisas da casa, tem que fazer “bicos” para poder ajudar com algumas despesas. Ela não reclama, mas sinto que não está muito feliz, afinal, o trabalho dobrou.
Faço essas divagações enquanto estou no coletivo, preocupado com problemas que, na maioria das vezes, não tenho nenhuma responsabilidade. Para isso eles existem. Os governantes. Deveriam, pelo menos, tentar solucioná-los os meus problemas... Mas isso já é uma outra história.
Como diz Drummond “tem uma pedra no meio do meu caminho” mas, estou tentando chutá-la para bem longe.

Crônica elaborada com base na reportagem: "Emprego ruim, salário pior" - publicada em O Estado de São Paulo, em 24/06/2009, Seção: Notas e Informações - pág. A-3

Autoras:
Leonice Aparecida da Silva
Lucimar Fernandes Curto
Maria Cristina Delvechio Rosseto
Maria de Lourdes Alves de Souza
Haldrey Michelle Bueno

GARAPA

Há quem diga que ela é doce, doce feito mel e pode ser bebida com limão, abacaxi... Mas precisa ter estômago. Estômago para compreender de Garapa?
Garapa revigora, diminui ou evita a anemia, é o que já ouvi dizer...
E qual é a verdade da garapa? É...Da garapa, não de Garapa (Garapa aqui com G maiúsculo, é o título do filme de José Padilha). Mas a garapa tomada por famílias paupérrimas cearenses, que passam fome, protagonistas de seu filme, embora se escreva com letra minúscula (substantivo comum!), é enorme seu consumo e “muito comum” entre as crianças que a tomam de mamadeira.
Para essas pessoas, a vida é ainda mais difícil, embora pareça: “água com açúcar”. Doce como o mel, mas ao mesmo tempo a verdadeira picada da abelha, insetinho da desigualdade social, que existe aos enxames nesse país.
Nesse episódio está o Bolsa Família, aqueles R$50,00 que, muitas vezes, e para muitos não paga nem a água com açúcar (garapa), pois degustam a VERDADEIRA GARAPA; mas que faz muitas famílias saborear ao menos o arroz com feijão. Leite? Nãããããão. Garapa!!

Autoras:
Olga de Cássia Micas Santana
Maria Carolina Cazinni
Cleuzeli Mendes de Souza Pereira

Da lata de sardinha ao conforto

Há muito tempo deixei de usar meu carro para contribuir com o trânsito caótico de São Paulo e com a diminuição da poluição. Usava o transporte coletivo, mas tinha muito transtorno pelo aperto. Para mim, parecia mais uma lata de sardinha. Não tinha onde sentar, pessoas de todo tipo. Sentia até medo de alguns rostos estranhos. A maioria estressada com o empurra-empurra e um odor insuportável.
Não foi à toa o meu medo. De repente, percebi que algo pesou sobre o meu ombro e que estavam mexendo na minha bolsa. Pegaram o celular. Foi muito rápido. Sem noção, peguei rapidamente na mão do moço, dizendo que era meu, em voz alta. Ele fingiu que não era com ele que eu estava falando. Saí de perto. Poderia até ter levado um tiro.
Depois desse fato, passei a utilizar o ônibus fretado. Além da comodidade e rapidez, ele me deixa na porta do trabalho e de casa, na volta. Muitas pessoas, também optaram por esse meio de transporte.
A Prefeitura, com dor de cotovelo e pensando apenas nos lucros, está impondo restrições, mudando a rota dos fretados. Isso causará transtorno em nossas vidas, fazendo-nos gastar mais tempo para chegar ao trabalho. Por esse motivo, melhor optarmos por usar o transporte particular.
Enfim, já que é preferível que se perca tempo no congestionamento, então optamos por congestionar o trânsito e esvaziar o bolso.

Autoras:
Flávia Diogo D. Pinheiro
Isabel Pereira da Silva
Ângela Maria de O. Borelli

A prisão dos famosos

Parece que, atualmente, os médicos querem brincar de ser deuses, achando que o ser humano não passa de um mero objeto em suas mãos.
Imagine você, descobrir que seu filho tem o DNA de uma terceira pessoa. Como é que o juiz iria resolver esse pequeno probleminha? E a situação constrangedora das mulheres e seus maridos. O que iriam pensar delas?
Poderíamos escolher o sexo do bebê e, também, como ele seria; por exemplo: quero um bebê com os olhos do Leonardo DiCaprio, a boca do Fábio Assumpção e o corpo do Brad Pitt.
Mas, para esse sonho se realizar foi preciso construir a prisão dos famosos para que eles se reunissem e refletissem sobre novas alternativas.

Autoras:
Alessandra Pessoni
Aparecida Elizabete Rubira
Sonia Delírio
Rosana Cambuy de Souza

terça-feira, 15 de setembro de 2009

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Parabéns aos cronistas da Turma C-1...

As crônicas abaixo foram elaboradas pelos cursistas da Turma C1 - 1ª turma do curso: (realizado às quartas-feiras à noite - das 19h às 22h). Uma turma animada, comprometida e muito criativa. Foi um imenso prazer estar com vocês e compartilhar as delícias desse saboroso gênero textual: a Crônica.

Que vocês continuem cronicando e blogando, sempre!

Equipe Responsável

Construindo uma crônica

Como é difícil por questão do nosso ofício cumprirmos determinadas tarefas... Ainda mais quando se trata de realizar atividades que, de certa forma, não temos muita habilidade. Escrever... Função difícil para mim. Como professora de Língua Portuguesa, então...Tudo piora. Todos acham que o professor deve saber tudo. Aproveito o propósito para dizer que não é bem assim. Nem se trata, também, de eufemizar incompetências, mas de esclarecer fatos. Alguns livros como os de gramática e o dicionário servem para ser consultados e não decorados; o professor de Língua Portuguesa não nasceu ‘sabichão’. Até que o dia termine, será um eterno estudante, como todos os demais que não fazem parte deste ofício...
Bem, vamos mudar de assunto porque senão isso não vira uma crônica e, portanto, não concluirei o meu curso... Relembremos alguns conceitos...Como diz a mediadora Luzia, crônica vem de chronus que significa tempo e deve conter fatos do cotidiano... Até aí tudo é fácil, ainda mais quando lembramos de algumas sílabas iniciais que facilitam todo o entendimento. Reparem: crônica, chronus, cotidiano. A esses sons melódicos, em português, chamam de aliteração. Isso mesmo. Olha! Dá até para ensinar um pouco de estilística escrevendo uma crônica! Estou pegando o gosto pela coisa. E, falando em coisa, não fuja do assunto, professora! Você não deve fugir de uma crônica nesse momento. Vamos lá! Você precisa de ideias, imaginação... Mas não dê asas a elas tanto assim. Como estava dizendo, a mediadora deixou bem claras as características da crônica e a principal delas é elaborar toda uma argumentação em cima de um fato do cotidiano... Bem, não é tão simples assim e, por isso mesmo, até o momento não entreguei meu trabalho. Fiquei pensando em qual ideia desenvolver e surgiu-me uma, assim, de repente. Aliás, não tão de repente. Pois, o que vou expor aqui, trata-se de um fato que observo há muito tempo. Só não imaginava que o escolheria para assunto da minha crônica. Também, tive o espelho de duas pessoas que admiro muito. Uma, chama-se Junia Romera dos Santos, pessoa maravilhosa, sábia e muito sensata. É uma pessoa de discreta inteligência e muito “cotada” no lugar onde trabalho. A outra é a Adriana Falcão, que conheci por intermédio da Junia (porque adora ler os textos dela). Nossa professora! Seja mais breve! Olha o tamanho do seu parágrafo! E você vai dizer ao seu leitor que começará a discorrer sobre o assunto da crônica? Vamos lá, acorda, seja mais breve, menos enrolação! Poxa, como isso é e não é simples ao mesmo tempo... Mas, como estava dizendo, almejo escrever sobre o assunto faz longa data e, por isso, venho observando, faz tempo, certos detalhes das coisas que me rodeiam. É cotidiano para mim e para as pessoas que moram na mesma rua que eu ouvir, na calada da madrugada, galos cantando... Isso mesmo! Vocês devem estar imaginando que sou uma professora da área rural. Não. Não sou! Vivo na área urbana. Acontece que o lugar onde moro é bem parecido com um sítio, apesar de se localizar no cento da cidade. Duas ruas logo atrás da igreja matriz. Fato é que ao lado há um brejo... Você, leitor, sabe que é comum ouvir nesses locais muitos sons da natureza, porém, o comum aqui é o cantar do galo, ou melhor, dos galos. São dois. O natural é que haja em um galinheiro: galinhas e, somente, um galo, mas aqui o fato é bem interessante: não há galinhas nesse brejo, somente dois galos. Seriam galos gays? A influência da sociedade sobre a natureza? Na rua próxima de casa há de tudo... Travestis na esquina. Vários! Muitos clientes, também! Deixo claro, desde já, que nada tenho contra os travestis. Isso daria assunto para outra crônica. Voltemos aos galos. É sabido que em um galinheiro há espaço para um só galo, pela lei da natureza e, é este que anuncia o novo dia, todos os dias, com seu cocoricó, por volta das quatro horas da manhã! Mas, esses galos são diferentes. No começo, naturalmente, pensava eu que fosse apenas um galo. Mas, não é somente a Língua Portuguesa que sofre os processos de diacronia e sincronia... Na natureza certos processos também mudam. Esses galos, por exemplo, ao invés de cantar às quatro da manhã, como deveriam, cantam, cronologicamente, às duas! Isso mesmo, caro leitor! O ‘processo’ tem início entre duas e duas e meia, o que foge às regras naturais, apesar de os galos fazerem tudo parecer o mais natural possível. Além disso, constatei através da observação auditiva dos fatos que se tratava de dois e não apenas um, pelo choque das cantarolações. Acho que o ‘casal’, se é que assim posso chamar, até se desentendeu por isso. Porém, entraram em comum acordo. O processo melodioso começa às duas e eles vão se intercalando... Um canta, o outro canta, um canta, o outro canta, um canta, o outro canta... e assim vai. Quando, de repente, os dois cantam juntos, estranham-se. Tudo para e depois, bem depois, começa tudo de novo.


Quatro horas e três minutos. Preciso dormir para trabalhar amanhã... Amanhã, não! Hoje! Até os galos já dormiram. Valeu toda a insônia e indigestão. Acho que consegui escrever uma crônica. Ou será que todo esse trabalho virou qualquer texto e não uma crônica? E agora, Lu, o que você tem a me dizer?


Autora: Cristina Foster - Professora de Línguas Inglesa e Portuguesa - E.E. Profª Irene de A. Saes, em SBO - Atualmente é Professora Coordenadora de Oficina Pedagógica de Língua Estrangeira Moderna na DERA.