quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Emprego ruim, salário pior

Cinco e trinta da manhã. Acordo com o estridente som do despertador. Hora de levantar. Que noite curta!
Meus olhos ainda ardem de sono! Mas não posso nem reclamar, afinal, depois de dois anos desempregado, no desespero, numa luta desenfreada para me recolocar no mercado de trabalho, tenho mais é que agradecer.
O salário é baixo, mas fazer o que, não tem um ditado popular que diz: “Melhor pingar do que secar?” Mas a coisa lá em casa está mais para secar, afinal, não sobra dinheiro pra nada, ou melhor, falta pra tudo. Depois de tantos currículos enviados fui selecionado numa empresas terceirizadas, dessas que ficam com a metade do nosso salário.
Já fui bem sucedido, ganhava bem, era respeitado, mas então veio a crise, que o nosso ilustre presidente insiste em chamar de “marolinha”, e fui substituído por um estagiário. Meus longos anos de experiência não foram levados em consideração. Me senti um “zé-ninguém.”
Penso na minha mulher que depois de tantos anos cuidando apenas das crianças e das coisas da casa, tem que fazer “bicos” para poder ajudar com algumas despesas. Ela não reclama, mas sinto que não está muito feliz, afinal, o trabalho dobrou.
Faço essas divagações enquanto estou no coletivo, preocupado com problemas que, na maioria das vezes, não tenho nenhuma responsabilidade. Para isso eles existem. Os governantes. Deveriam, pelo menos, tentar solucioná-los os meus problemas... Mas isso já é uma outra história.
Como diz Drummond “tem uma pedra no meio do meu caminho” mas, estou tentando chutá-la para bem longe.

Crônica elaborada com base na reportagem: "Emprego ruim, salário pior" - publicada em O Estado de São Paulo, em 24/06/2009, Seção: Notas e Informações - pág. A-3

Autoras:
Leonice Aparecida da Silva
Lucimar Fernandes Curto
Maria Cristina Delvechio Rosseto
Maria de Lourdes Alves de Souza
Haldrey Michelle Bueno

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