quarta-feira, 16 de setembro de 2009

MEU GRANDE SONHO

Passando por uma rua numa grande cidade brasileira, observei um outdoor de uma conceituada clínica de um dos mais famosos especialistas em reprodução humana. Não pensei muito para procurar o local.
A recepção foi excelente e ali naquele instante vi a possibilidade de realizar meu grande sonho: ser mãe; uma vez que, naturalmente, isso jamais seria possível.
Tudo maravilhoso, simples e prático: escolher o sexo, a cor dos olhos, o cabelo, a pele...
Comecei a rotina de visitas e exames. Estava empolgada. O atendimento, a educação, os cuidados, a gentileza, enfim, tudo encaminhado e pronto para o procedimento.
No dia marcado, fui até o local, emocionada, estava muito ansiosa, pois era o dia, a hora, jamais esqueci daquele momento.
Durante o procedimento, sob o efeito dos medicamentos, comecei a ouvir insinuações e a perceber que o médico tocava meu corpo de uma forma diferente e desnecessária. Não acreditei no que estava acontecendo. Tentei gritar, mas não consegui.
Esse conceituado especialista, na verdade, é um monstro, um criminoso, que se aproveita da fragilidade emocional das mulheres, que vão em busca da realização de um sonho e de uma satisfação pessoal.
Após receber alta, voltei para casa e comecei a pensar: às vezes é preciso passar por situações como esta para reconhecer que a vida é uma criação divina, e uma mulher que não recebe este dom deve compreender que se Deus não a incluiu entre as destinadas à procriação, procurar meios artificiais pode não ser a melhor saída.
Arrependida não diria; mas, talvez, tenha aprendido mais uma lição: realizar um sonho pode não ser a melhor coisa da vida; no meu caso: sonho realizado, mas um trauma eterno que carrego comigo e que jamais esqueci.


Autoras:
Cleia Cristina Tognoli Rodrigues
Edilene F. Antunes de Souza
Sheila Vido Lima


2 comentários:

  1. Leonice Aparecida da Silva21 de setembro de 2009 às 12:09

    É..., infelizmente já não sabemos mais em quem confiar, ouvimos tantas barbaridades,nos sentimos inseguros com quem deveriam nos proteger: genitores (sim,porque pais protegem),alguns policiais corruptos e sacanas e ...médicos a quem precisamos confiar nossa intimidade.Nossa,que horror!!!

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  2. CLÉIA,
    ESSE É O MUNDO EM QUE VIVEMOS. INFELISMENTE, AINDA TEMOS QUE PASSAR POR SITUAÇÕES COMO ESSA!
    SUA CRÔNICA FICOU ÓTIMA. PARABÉNS!

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