quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Salva por um tombo

Cleia Cristina Tognoli Rodrigues

Atacar o próprio dono não é coisa comum em um animal, mas fez-me lembrar o que me aconteceu algum tempo atrás.
Em uma tarde, eu voltava da casa de uma amiga, vizinha do sítio do meu pai, resolvi cortar caminho pelo pasto, os animais pastavam normalmente. Acostumada a andar entre eles não vi problema algum, pois sempre ajudava o meu pai no dia a dia. Caminhei tranqüila e despreocupada. De repente, sem esperar e sem motivo aparente, percebo que uma das vacas veio correndo para o meu lado. Comecei a correr também. A infeliz tinha um par de chifres enormes! Sozinha, sem ninguém e nada para me defender, continuei correndo. E, ela, cada vez mais próxima de mim. Nunca passei tanto medo. - Agora ela me pega, pensei.
Corri muito. As pernas amoleceram. Já não agüentava mais. Tropecei e caí. Imaginem só o que aconteceu! Eu já não pensava em mais nada. Só esperava pelo ataque.
Esticada no chão, de barriga para baixo, percebi que nada aconteceu. A danada da vaca parou também. Acho que ela pensou: - “Essa já era”. Fiquei quietinha lá no chão e ela parada pertinho de mim. Continuei deitada por algum tempo, apenas dava uma espiadinha para ver se ela se afastava. Demorou um bom tempo para ela desistir. Quase dormi lá, deitada no chão.
Aos poucos, ela foi se afastando. Eu continuei lá, deitadinha e bem quietinha. Enfim, ela desistiu. Eu me levantei com as pernas bambas e com muito medo. Corri para uma cerca que ficava próxima dali. Só, então, me vi salva e segura, afinal o anjo da guarda me protegeu.
Não sei o que acontece com esses animais que atacam os próprios donos. Até hoje, não encontrei o motivo daquele estranhamento... Será que Freud explica?

Crônica elaborada com base na notícia:"Perigo na rua: Depois de morder a própria dona e vizinhos, animal foi espancado por moradores e levado ao CCZ", publicada em O Liberal, de 15 de Setembro de 2009.


Sobre a autora:

Cleia Cristina Tognoli Rodrigues nasceu na cidade de Guzolândia (SP). Fez Magistério e graduação em Matemática. É Professora Coordenadora Pedagógica da Rede Pública do Estado de São Paulo. Tímida, curiosa, divertida, possui várias habilidades, dentre as quais a de escritora, em que retrata, com bom humor, estórias de sua infância e adolescência em uma pequena cidade do interior paulista.

8 comentários:

  1. kkkkk, tudo bem que o Freud é o pai da psicologia, mas aí você está querendo demais.

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  2. Essa crônica me fez retornar a minha infância pois me aconteceu várias vezes ,tinha que passar todos os dias no meio de vacas com crias novas para ir a escola.

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  3. também me lembrei de minha infância,foram momentos desesperadores que passei com as vacas no meu caminho.Parabéns pela crônica.

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  4. CLÉIA, IDENTIFIQUEI-ME COM SUA CRÔNICA, POIS JÁ VIVI SITUAÇÃO PARECIDA.
    PARABÉNS, GOSTEI MUITO!

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  5. Acredito que Freud não conseguirá explicar. Mas, eu fiquei curiosa! Gostaria muito de saber o motivo da reação da vaca. Então, que tal VOCÊ repetir a "experiência"? Apenas para estudo, claro! Podemos, inclusive, montar um grupo de estudo. Ah! Se você quiser "variar o ambiente", podemos realizar a experiência em Andradina, já que lá temos que compartilhar as ruas com cavalos e vacas; por isso, meus filhos chamam Andradina de Andra Sítio (Andra City). Rsrsrsrs...

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  6. KKKKKKKKKK!!!!! PARABÉNS, BOM SE EU ESTIVESSE NESTA SITUAÇÃO ANTES DE LER SUA CRÔNICA, COM CERTEZA JAMAIS IRIA CAIR UM TOMBO OU DEITAR NO CHÃO, A PRIMEIRA COISA ERA "PERNA PRA QUE TE QUERO" E CORRER MUITO,ATÉ ME SALVAR, MAS É BOM SABER SE EU ME DEPARAR COM ESTAR SITUAÇÃO VOU SEGUIR O SEU CONSELHO BEIJOS ATÉ LOGO.

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  7. Achei muito legal tudo isso... mas confesso que não ficaria quietinha esperando a reação da vaca.
    Corajooooosa!!!
    Bjos!

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  8. fiquei curiosa para saber porque a reação da vaca.........gostei demaaaaaaaaaaiiiiiiiissssss.

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