domingo, 4 de outubro de 2009

Enxurrada de desespero

Isabel Pereira da Silva

Acordei. O dia estava chuvoso, com trovoadas, fortes ventos. Liguei a TV e deparei-me com uma cena horrível ocorrida no Sul e Sudeste. Novamente as enchentes estavam acabando com as novas moradias daquele povo que acabara de voltar para suas casas.
Fiquei muito comovida com tudo aquilo. Não que essa cena já não tenha acontecido em anos anteriores, mas, por isso mesmo. Fiquei pensando: “Por que nossos políticos não fizeram nada para impedir que isso voltasse a acontecer? Será que simplesmente não se importam com essas pessoas? Ficar lamentando, criticando, de nada vai adiantar. Temos que agir, mobilizar a população, fazer algo para que tragédias como essas não voltem a acontecer, ou ao menos amenizar a situação.
Então, tomei meu café e fui para o trabalho pensando em fazer alguma coisa. Mobilizar meus colegas, escrever uma carta, enviar um e-mail com a assinatura de todos. Durante todo o percurso fui imaginando várias coisas diferentes. Cheguei ao trabalho toda eufórica e fui logo comentando sobre a enchente no Sul e no Norte. Fiquei abismada com a recepção dos colegas e seus comentários. Todos pareciam estar contra as vítimas. Não falavam sobre o descaso dos nossos governantes e, sim, daquelas pessoas: diziam que elas poderiam estar em outros lugares, mas será que tiveram outras opções?
Enfim, trabalhei o dia inteiro olhando para todos aqueles colegas e imaginando: “ vocês têm o governo que merecem!”.
Terminei o dia me questionando: “como é possível, diante de tanta dor e tristeza, o ser humano não perceber que somos todos culpados por não cobrar de quem nós colocamos no poder?”.


Crônica escrita com base na reportagem: “ Uma enxurrada de incompetência”. Revista Época- Maio/2009 – pág. 44/45.
Quer saber mais? Clique no título desta crônica (ou acesse: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI72149-15223,00-UMA+ENXURRADA+DE+INCOMPETENCIA.html).

Sobre a autora:
Isabel Pereira da Silva, natural da cidade de Pacaembu-SP.
Formou-se em Letras pela Faculdade Ministro Tarso Dutra, em Dracena no ano de 1993. É professora de Língua Portuguesa, Língua Estrangeira: Inglês e Espanhol. Leciona na escola Monsenhor Magi desde 2002. Adora o que faz. É formada também em Técnico em Contabilidade, área onde atuou por 8 anos.

3 comentários:

  1. ISABEL, REALMENTE O POVO TEM O GOVERNO QUE MERECE, TODOS ACEITAM TUDO, ACHANDO QUE NÃO TEMOS O PODER EM NOSSAS MÃO, SE CADA UM SE ACOMODAR FICA TUDO POR ISSO MESMO. E NO FINAL NINGUÉM FAZ NADA E FICA POR ISSO MESMO. BEIJOS ATÉ LOGO.

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  2. Isabel, muitas pessoas deixam de ajudar porque, apesar do Brasil arrecadar MUITO dinheiro, não oferece nem as condições básicas de sobrevivência para a grande maioria da população. Além disso, não é raro ouvirmos denúncias de desvios de doações. Assim, por causa de alguns "bandidos", muitos inocentes ficam desamparados. É lamentável constatar que alguns seres conseguem permanecer insensíveis mesmo diante das piores desgraças.

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  3. Parabéns pela sua crõnica.Isso é uma realidade constante,é só chover que o desespero começa, entra ano e sai ano é a mesma coisa e ninguém faz nada.É esse é o nosso BRASIL!!!!!!

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