domingo, 15 de novembro de 2009

Entrou água

          Abri a porta do corredor e me deparei com o quintal alagado. Alguém deixou a torneira aberta, pensei, quando cheguei até a dita cuja, constatei que nunca esteve tão fechada. Aliás, parecia que nunca fora aberta. Mas de onde veio tanta água, caramba!
          Bem, se não é de fora, é de dentro, concluí brilhantemente.
          Abri a cozinha, rezando para entrar a pé enxuto, e a reza funcionou, a cozinha estava sequinha e brilhando. Estranho... Quando eu saí havia deixado a casa cheia de pó.
          Mas daí nasceu um outro enigma – eu que nem tinha desvendado o primeiro - quem teria limpado a casa?
          Meu marido, homem bom, trabalhador, honesto, dedicadíssimo, cumpridor de seus deveres. O problema é que limpar a casa não era um dever dele, ah, ele é um homem machista, logo, acha que serviço de casa não é coisa para homem.
         Não, não poderia ser ele que havia feito aquilo. Deixei-o dormindo para correr ao mercado comprar carne para o almoço. Esta certo que me atrasei um pouco, passei em uma loja de sapato, só para olhar as vitrines... não comprei nada, estava com pressa.
         Quando cheguei em casa, meu marido já havia saído para o trabalho e sem almoço. Ele não limparia a cozinha antes de sair, disso, tenho certeza.
         Indignada, deixo a carne na pia e vou para o quarto... Entrou ladrão em casa? Cadê a torneira da pia? Certamente foram aqueles pivetes, vão trocar por drogas...mundo perdido!
         Toca o telefone. E se for um bandido? Com essa onda de violência....! Melhor não atender...
         Fiquei de pernas atadas, não sei se era medo, desconfio que fosse sim... depois de tantos disparos o telefone parou.
         Bem, agora vou trocar-me, secar o quintal e seja o que Deus quiser!
        Quando o medo já estava descendo pelo ralo, o telefone toca novamente. Atendi. Era meu marido.
        Querida, a torneira da pia quebrou e alagou a cozinha. Não consegui fechá-la. Então, fechei o registro de fora, já era tarde, a casa estava toda alagada. Puxei a água para fora e deixei tudo assim, pois eu estava atrasado para o trabalho.

Autoras:
Maria de Lourdes Angelo –
Andréa de Cássia V. Ferreira -
Ambas são professoras de Língua Portuguesa na E.E. Maria José Margato Brocatto em Santa Bárbara d’Oeste - SP

Cursistas: Turma B-3

3 comentários:

  1. É realmente diante de tantos afazeres ficamos atonitos quando algo diferente acontece na nossa prorpia casa e por incrivel que pareça pensamos no pior

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  2. Poi é, marido é mesmo uma bênção. Mas que seria de nós sem eles?

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  3. Por que será que hoje em dia nos adiantamos aos fatos de maneira pessimista e desconfiada;fazendo conjeturas aterrorizantes diante de ações que seriam os desencadeamentos mais viáveis.Por que não acreditamos mais nas gentilezas e em soluões solidárias vindas gratuitammente,principalmente daqueles que nos são mais próximos?

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