Valdenir Zegioth
Hoje é natal. A casa está em festa. A família reunida. Que legal!
Família reunida, nessa época, é sinônimo de diversão. Para falar a verdade é um verdadeiro circo. A mamãe fazendo verdadeiros malabarismos para a ceia ficar perfeita. Sempre tem um tio palhaço para fazer graça; a tia que sempre avacalha o marido, o outro tio correndo em volta da casa para acertar o primo a vassouradas, por causa daquele pirceng no nariz. Parece o globo da morte.
Natal é assim.
E chega mais um tio metido que mora na capital trazendo, de novo, um daqueles frangões temperados que são vendidos em supermercados e diz: “Já que todo mundo, no ano passado, adorou, eu trouxe. Mamãe, 'relações públicas', acrescenta: “Claro, todos adoramos”. Mas não contava com o meu irmãozinho, muito sincero, num momento de profunda filosofia, que acrescenta: “menos eu”, externando o que todos verdadeiramente pensavam sobre o tal frango. Bastava o tio metido sair e o comentário era geral: “o frango assado da mamãe e o churrasco do papai são muito melhores”.
Acho que é isso que os adultos chamam de ‘convenções partidárias’. Ouvi isso em algum lugar... (mentiras para ficar bem com as outras pessoas). Adultos são assim mesmo, eles pensam que a gente não vê as coisas.
E os micos de natal! Papai correndo até o quintal em busca de boldo, depois de se empanturrar com as rabanadas da tia Maria. E os presentes do amigo secreto? Amigo? Parece mais inimigo na guerra do Afeganistão. É cada presente...
Ah! Não podemos nos esquecer do tio bonachão vestido de Papai Noel dizendo: “oh,oh,oh”, com aquela barba postiça e roupa escaldante em pleno verão, pensando que ainda engana alguém. Minha casa nem chaminé tem... E, onde já se viu, o Papai Noel entrando pela porta da sala, e sem bater? Nem o cachorro o estranha...
É natal, data divertida, muito engraçada. Tão engraçada que não me aguento de tanto rir debruçado na janela. Mas o que vejo na rua! Uma fila de gente muito pobrezinha, com um pratinho na mão, esperando por um pouco de sopa...
Ah... Entendi. Minha família lembrou-se de quase tudo, apenas esqueceu-se de um detalhe: o aniversariante da noite.
Sobre o autor:
Valdenir Zegioth é professor de Geografia. Atualmente exerce a função de Professor Coordenador Pedagógico na E.E. Maria Judita Savioli de Oliveira, em Santa Bárbara d’Oeste.
Participou da Turma C-1, primeira turma do curso 'A Crônica na Vida do Professor e na Sala de Aula'.
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