domingo, 13 de setembro de 2009

Dois mundos se chocaram

Um satélite espião do governo, percorrendo a Via Láctea à procura de “vida professoral” capta uma transmissão vinda de uma planeta desconhecido:
- Comandante, acabo de voltar de minha viagem de reconhecimento ao planeta Terra.
- Ah, muito bem, Edugov! E o que você descobriu?
- É um lugar estranho e incompreensível. Aterrissei em uma confederação de estados, mais precisamente em uma confederação chamada São Paulo. Havia lugares chamados escolas, onde as pessoas falavam um dialeto estranho, pois ninguém se entendia. Nas proximidades um outro lugar chamado Secretaria, onde a língua é ainda mais difícil, e em uma região mais afastada, um vasto reino com um palácio chamado ministério.
- E o que você viu?
- Em cada um desses dois últimos lugares, vi homens bem vestidos armados com palavras que atingiam os que estavam no lugar chamado escola, tudo por uma energia que eles chamam de bônus.
- Realmente muito estranho.
- E isso é apenas o começo, comandante. Eles esperam um grande tempo para acumular a tal energia.
- É sagrada sem dúvida. E o que fazem com a energia?
- Alguns usam pequenos cartões de plástico para gastar a energia, até mesmo a que não tem, para adquirir coisas que muitas vezes nem precisam. Alguns machos adquirem transportadores pessoais e algumas fêmeas compram bolsas para guardar seus cartões de plástico, pintura para o rosto e muitos pares de proteção para os pés.
- Por que tantos pares se tem apenas um par de pés?
- Inexplicável, comandante.
- E os que não conseguem obter essa energia?
- Ficam muito bravos senhor.
- E onde obtém essa energia?
- A energia é mandada pelos grandes persuadores, mas nem mesmo eles se entendem.
- E as pessoas caem nessa história?
- Fui informado que elas ficam cegas pela energia enquanto os persuadores levam a maior fatia, entram nos transportadores que voam e vão mais longe. Dizem, lá na Terra: “Quem tem bônus vai a Roma”
- Edugov, sua pesquisa me deixou muito impressionado. Agora vá para a Câmara de descontaminação, antes que a doença do bônus contamine nosso planeta.

Autor: Valdenir Zegioth é professor de Geografia. Atualmente exerce a função de Professor Coordenador Pedagógico na EE Maria Judita Savioli de Oliveira, em Santa Bárbara d’Oeste.


Crônica escrita a partir da notícia 'Haddad e Paulo Renato divergem sobre bônus' publicada em O Estado de São Paulo, 09 de junho de 2009.

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