terça-feira, 6 de outubro de 2009

O salário

Maria Carolina Cazzini

Esses dias, liguei a televisão e vi que o salário mínimo subiu. No momento, fiquei feliz. Confesso que me senti em um oásis.
Minha esposa chegou à sala e me disse:
- Nossa que grande subida!
Respondi feliz:
- Até que enfim essa televisão me empolgou. Vi, ouvi, e senti na pele que desta vez foi pra valer. Valeu Lula!
Coitadinha de minha esposa, sorridente ela me disse:
- Ufa! Que bom! Vai dar para comprar um colchão novo, aquele velho já estava dando dor nas costas.
Na manhã seguinte, fomos até as Casas Bahia e compramos o tão sonhado e confortável colchão. Aproveitamos a oportunidade e trocamos os nossos eletrodomésticos.
Ao chegar em casa a TV estava sobre um móvel bem limpinho e lustrado, pois minha esposa estava nas alturas depois de uma noite cheia de esperanças de que dias melhores viriam.
A noite foi maravilhosa: colchão novo, TV empolgante, mulher carinhosa, eletrodomésticos em destaque no armário, tudo bem arrumadinho e cheirando novo. Dava até gosto de ver.
Na mesma semana, ao chegar em casa, à noite, depois de ter feito um trabalho como “bico”, pois sou aposentado, e ter aturado minha esposa com bobies nos cabelos me dizendo que seu irmão passaria uma temporada conosco, resolvi ligar a TV para relaxar.
Parecia que tudo estava indo bem, aliás, quase tudo. Se meu cunhado não fosse passar uns dias em minha casa eu estaria melhor, é claro. Para minha noite ficar ainda mais alegre, depois dessa ‘grande notícia’, a poderosa Rede PLIM-PLIM de Televisão informou, em plantão nacional, que o presidente Lula, em reunião com seus ministros, decidiu por não subir o salário dos aposentados.
Aquela mesma televisão que antes me empolgara, agora me decepciona. A mulher ficou amarga. Seus cabelos (que tentou arrumar com os bobies) espetaram. Voltariam a ser lavados com sabão Ypê, não mais com xampu Natura. E, eu fiquei com tudo pra baixo: ânimo, salário e saldo no banco...
Mas não foi por mal que o Lula não subiu o salário, coitadinho... Precisou comprar um avião novo porque o velho estava perigoso. Afinal, o que realmente acontece é: “Ó o Lula indo. Ó o Lula vindo. E, nada de salário subindo”.


Sobre a autora:

Maria Carolina Cazzini, nasceu em Americana - SP, em 1982. É professora de Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Língua Espanhola na Rede Estadual de Ensino. Tem amor pela sua profissão. Acredita que a Educação, um dia, vai melhorar e trabalha arduamente para isso. Gosta de ler. É tia coruja e 'fã de carteirinha' de seus sobrinhos: Maria Laura de 7 meses e Vinicius de 13 anos. Tem verdadeira paixão pela família; não faz nada sem consultá-la. É totalmente responsável nos seus afazeres. Tem quem diga que é ajuizada até demais. Tem sede de novos aprendizados. Sua frase predileta é de Johannes Kepler: “Os caminhos que conduzem o homem ao saber são tão maravilhosos quanto o próprio saber.”

4 comentários:

  1. E o mesmo acontece com nossa profissão, por amor ao trabalho, também ficamos com tudo para baixo.
    Parabéns.
    Rita

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  2. Concordo com a Rita. Amamos tanto o nosso trabalho e não encontramos incentivo de nenhum lado. Um simples parabéns nos motivaria mais.

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  3. Apesar de conhecermos bem o caráter da maioria dos políticos, às vezes, até mesmo por necessidade, renovamos nossas esperanças e procuramos acreditar que os governantes finalmente estão enxergando as pessoas como seres humanos e não apenas como eleitores. Infelizmente, a alegria dura pouco e tudo acaba em pizza, novamente...

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  4. Oi Maria Carolina,li o que escreveu e gostei da forma com que vc desenvolveu o assunto ,embora não concorde com tudo que lá está escrito.bjs

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