terça-feira, 24 de novembro de 2009

Um mundo sem volta?

Andréa de Cássia Vieira Ferreira

Um dia comum, como os outros. Sento-me no sofá e ligo a televisão para um momento de descontração, juntamente com a família. Assim que aparece a primeira reportagem do telejornal, mais um fato trágico é apresentado. Não me espantei, pois, diariamente, reportagens trágicas são mostradas. Incrível! Às vezes, acho que a violência está banalizada!

O que me chamou a atenção foi o depoimento de um pai que não se espantou com o fato de o filho ter assassinado a namorada. Esse pai disse que todos os dias, ao ouvir o toque do telefone, já ouvia a sirene da polícia simultaneamente, porque o filho só lhe trazia desgostos. E, assim, aconteceu .O filho acabou de matar a namorada, noticiou o jornal.

O afeto, o carinho, a tentativa de trazer uma pessoa de volta ao mundo real, fez com que mais uma vida fosse tirada de forma tão brutal. Às vezes fico pensando se todo esse trabalho vale a pena.

Outro fato que me chamou atenção foi o depoimento da mãe de Joãozinho. A mãe chegou em casa e perguntou ao garoto:

- Filho cadê o televisor que comprei ontem?

-Virou pó, mamãe.

-E o rádio que estava perto do quarto?

-Também virou pó, mamãe.

-Tudo nessa casa vira pó! Onde vamos parar?

A mãe resolveu enjaular o filho para que nada mais na casa virasse pó, naquela casa. E, assim, o fez.

Preparou com todo carinho uma jaula para prender o filho na tentativa de livrá-lo desse mundo, muitas vezes sem volta. Mas, o enjaulado escapou e ainda ameaçou denunciar a própria mãe.

Perturbada, desligo o aparelho. Vou para a cama. O sono demora, pois a televisão continua ligada.Tentando me desligar, pergunto:

-Por que tantas leis são feitas, mas nenhuma ajuda o pai ou a mãe de um viciado a encontrar um caminho que mude o mote do telejornal?

Sobre a autora:

Andréa de Cássia Vieira Ferreira, nascida em Fernandópolis - SP, casada, mãe de dois filhos, professora de Língua Portuguesa, leciona desde 1996 e atualmente trabalha na Escola Brocatto em Santa Bárbara D’Oeste-SP.

“Digno de admiração é aquele que, tendo tropeçado ao dar o primeiro passo, levanta-se e segue em frente”.



6 comentários:

  1. oi Andreia, bastante significante sua crônica. Mas o q eu gostei mesmo foi do pensamento abaixo da foto.
    Bj
    Adriana

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  2. Olá Andréa!!!
    Infelizmente esse tipo de notícia vem tomando conta do nosso cotidiano. Este mal, abarca todas as classes sociais, não estamos livres de nos depararmos com situação semelhante.
    Só nos resta, orientar nossos filhos, alunos e todos aqueles que nos cercam. Quem sabe assim construiremnos um mundo melhor.

    Maria de Lourdes Angelo

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  3. Oi colega!!
    Apesar de sermos um país emergente em constante evolução,nossa política ainda continua estática e a previsão é que continue assim por muito tempo pois não é ser pessimista mas nossa realidade é "nua e crua" ainda infelizmente vamos nos deparar com esses tipos de noticiários na tv.A violencia faz parte do cotidiano não adianta esconder esses fatos...

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  4. oi,Andréa.
    Infelizmente esse tipo de notícia vem tomando conta do nosso dia-a-dia. A violência está tomando conta da humanidade,e infelizmente nada é feito para mudar esse quadro.
    Lucimara

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  5. me pego fazendo a mesma pergunta, até onde irá tanta vilência, já faz 2010 anos que um certo homem pediu que amasse uns aos outros como eu vos amei, e parece que poucos entenderam sua mensagem de amor e me apovoro quando penso nas futuras gerações.Rosangela Cassela

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  6. Primeiramente parabenizo pelo texto
    Acredito que o tema tratado é de grande importância não só nacional, porém mundial e me fez pensar na crise da sociedade tecnológica e seus novos paradigmas

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