domingo, 13 de setembro de 2009

Equívocos à parte...

Pedro era um sujeito forte, tanto que desde menino já era apelidado de “Pedrão” - no sentido mais sutil da palavra - mas naquele dia não se sentia tão forte, pois estava ali na sala de espera do consultório, que aliás como sempre estava lotado, aguardando sua vez para ouvir o resultado do check-up feito na semana anterior.

A cada nome anunciado sentia seu sangue ferver e congelar nas veias, as mãos tremiam como se fosse um bêbado em abstinência, as vozes dos demais pacientes ecoavam em sua cabeça e o coração brincava de montanha russa, dando picos de taquicardia. Às vezes ouvia longe a voz da esposa comentar, com duas novas colegas que fizera ali, que estava acompanhando o marido mas queria mesmo era estar em casa assistindo as receitas do rádio, e do outro lado da sala de espera observava uma TV ligada mas não conseguia sequer saber qual programa estava passando.

“Isso é uma grande tortura!” pensou Pedro. “Só por causa de uma dorzinha de cabeça ter que fazer este monte de exames e ainda ter que ficar aqui, como um touro esperando o abate! Não é justo!”. Olha o relógio e vê que chegara cedo demais ao consultório, pois ainda faltava uma hora para sua consulta. Coça a cabeça e ouve a campainha do sistema de som tocar:

- Sr.Pedro dirija-se à sala 10!

O anúncio no microfone fez com que ficasse ali paralisado por alguns segundos, que lhe pareceram horas, subitamente interrompido pelo puxão dado pela mulher na manga da camisa...

“- Levanta Pedro, parece que tá dormindo! É a sua vez!!!” disse a esposa.

Aquilo lhe doeu mais do que a dor sentida na semana passada. Sua vez havia chegado. Levantou-se mas não conseguia andar direito. Disfarçou e disse à mulher que estava sentido a perna formigando, porque havia sentado sobre uma das pernas, mas na realidade não queria entrar naquele consultório, como se estivesse tendo um mau presságio.

Com muito custo, adentra a sala e o médico lhe recebe à porta, que aproveita para olhar a sala de espera e, discretamente faz uma careta ao ver que estava lotada. Mal se senta e é bombardeado com várias perguntas feitas pelo médico:

“-O senhor ainda fuma?”
“-Costuma comer muita carne gordurosa?”
“-E bebida, é todo dia ou só socialmente?”
“-Esportes pelo jeito o senhor não faz, não é?”

Pedro ainda estava tentando responder à primeira pergunta quando o médico lhe faz um prognóstico pouco animador:

“-O senhor não vai longe, seu caso é grave!”, diz o médico sem sequer lhe olhar na face, mais preocupado em mover incessantemente o mouse do computador...

Nesse momento sua esposa cai no choro, e aos prantos diz que aquilo não poderia ser verdade porque seu marido é muito forte e que nunca precisou de médico. Quase tendo uma crise de histeria diz que vai processar todo mundo – o médico, o laboratório, o hospital e até a recepcionista, que alguns minutos antes havia se recusado a lhe antecipar o que estava escrito nos exames.

O médico então tenta acalmar a mulher, enquanto Pedro permanece ali sentado, estático, sem entender direito o que está acontecendo.

“-Minha senhora, tente manter a calma, nesse período podem surgir novos tratamentos!”, diz o médico para tentar amenizar a situação.

“-Como assim, doutor?” pergunta Pedro.

-“Tente ficar calmo, afinal você ainda tem seis meses de vida!” responde o médico.

“-Tudo isso?!” exclama ela.

Nesse momento a porta da sala se abre e a recepcionista pede desculpas dizendo que o Pedro daquele horário havia ligado para avisar que estava atrasado para a consulta.


Autora: Daniele Angélica Nardi dos Santos – Professora de Língua Portuguesa na E.E. Alexandre Bassora, em Nova Odessa.


Fonte: “Piada do macarrão instantâneo”, extraída da cultura popular, com alterações e complementos da autora.

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